Com mais de 180 biliões de pés cúbicos de recursos comprovados de gás natural Moçambique tem suscitado um interesse significativo tanto por parte de actores regionais como internacionais.
Estes recursos de gás natural offshore muito prolíficos têm o potencial de desbloquear oportunidades para toda a comunidade regional da África Austral, e foram por isso o centro do debate durante a Sessão em Destaque da Semana Africana da Energia em Moçambique, na quarta-feira.
O debate reuniu os líderes da energia moçambicana, incluindo o Vice-Presidente Executivo da ENH para Exploração e Produção, Rudecio Morais, o Membro do Conselho Executivo para Exploração do INP, Augusto Macuvele, o Presidente Executivo da Câmara de Petróleo e Gás de Moçambique (MOGC), Florival Mucave, o Director Executivo e Vice-Presidente da Sasol em Moçambique, Ovidio José Sarmento Rodolfo, e o Chefe do Petróleo e Gás do Standard Bank, Paul Eardley-Taylor.
Patrocinado pela GL Africa Energy, que investe em soluções energéticas nas regiões dos Grandes Lagos e da África Austral, a sessão destacou uma discussão colaborativa sobre as oportunidades de exploração em Moçambique na busca de explorar reservas e impulsionar o crescimento sócio-económico.
“Vejo muitas oportunidades para nós no Gás Natural Liquefeito (GNL), especificamente em termos da forma como colocamos o gás no mercado. O GNL é uma oportunidade, se conseguirmos encontrar compradores de gás real e bombeá-lo para os mercados onde é necessário”, disse Augusto Macuvele, Membro do Conselho Executivo de Exploração do Instituto Nacional do Petróleo (INP) de Moçambique. “Obviamente, ainda precisamos de falar sobre gasodutos. Quando olhamos para o GNL, precisamos de olhar para a logística da sua exploração e de permitir que o GNL desempenhe um papel na transição energética”, acrescentou.
Entre os principais pontos de discussão, a sessão abordou os obstáculos na construção de centrais de gás para transformação em energia bem como os desafios no reforço das capacidades de Moçambique no down e mid stream.
A questão de como o país se pode posicionar melhor na região como um dos principais produtores de GNL foi tema central no debate, a par da necessidade de promover políticas de conteúdo local.
“É imperativo compreender os Planos de Desenvolvimento assinados com o Governo de Moçambique e como a sua obrigação em termos de conteúdo local está consagrada nesses acordos específicos. As empresas que prestam serviços têm o mesmo nível de obrigações das petrolíferas”, disse o director-geral e vice-presidente da Sasol em Moçambique, Ovidio José Sarmento Rodolfo.
Entretanto, os últimos desenvolvimentos nos projectos de GNL e os desafios que enfrentaram, serviram de ponto focal dos painéis de discussão. A restauração da estabilidade e o reforço das forças de segurança na região de Cabo Delgado em Moçambique não só aumentará a confiança dos operadores, como também permitirá que os desenvolvimentos no projecto da TotalEnergies regressem ao bom caminho, consolidando a posição do país como um concorrente global de GNL.
“Moçambique tem o potencial de fornecer parte da procura de gás natural ao mercado internacional, considerando as suas reservas potenciais. Estrategicamente, o licenciamento de nova exploração e produção não é dispensável, uma vez que o processo de transição energética será gradual, e o gás natural representa uma fonte de energia mais limpa até que se atinja uma emissão líquida zero de gases poluentes”, disse o Presidente Executivo de Exploração e Produção da ENH, Rudecio Morais.
Em resposta aos desafios no terreno que levaram a TotalEnergies a suspender o projecto de 20 mil milhões de dólares, Macuvele assegurou aos investidores que o governo está a fazer o seu melhor para restaurar a estabilidade e reforçar as forças de segurança.
“O governo está a tomar medidas sérias para enfrentar a situação da recente insurreição. Contamos também com o apoio dos países da SADC. Estamos a tentar estabilizar a situação e acreditamos que em breve o projecto retomará”, observou Macuvele.
“Estamos confiantes de que a Bacia do Rovuma (unidade de FLNG) verá a sua primeira produção no próximo ano. É bom ver desenvolvimentos numa área que de outra forma poderia estar associada à instabilidade, ter produção em vez disso e ser um motor de crescimento e uma nota positiva”.
Como a região da África Austral persegue agressivamente soluções inovadoras de produção de energia, o papel e o valor do gás moçambicano foi enfatizado, uma vez que o painel explorou estratégias para acelerar projectos de gás para energia e cooperação transfronteiriça de gás. “Moçambique é interessante para o gás natural. O que vai mudar rapidamente e muito em breve é o projecto energético Central Termica de Temane (Central Termica de Temane – CTT) que levará o próximo desenvolvimento e a próxima geração de gás da Sasol. Será também ligada através de uma linha de transmissão a Maputo”, disse o Chefe do Oil & Gas do Standard Bank, Paul Eardley Taylor.