O contrabando da castanha de caju é tido como a principal causa que está a prejudicar as fábricas de processamento do produto, que são obrigadas a encerrar por falta de matéria-prima, deixando, consequentemente, milhares de trabalhadores no desemprego.
A constatação foi feita este sábado pelos participantes do debate subordinado ao tema “Desafios e Oportunidades na Comercialização e Processamento da Castanha de Caju: O Caso de Nampula”, promovido pelo Banco de Moçambique, na cidade de Nampula, no âmbito da realização do seu 46º Conselho Consultivo.
Dados divulgados na ocasião indicam que a situação é preocupante, de tal forma que das 17 fábricas de processamento existentes no país apenas nove é que estão actualmente em funcionamento, não se perspectivando, para breve, a sua reabertura por falta de matéria-prima.
A título de exemplo, a produção média global dos últimos cinco anos no país situou-se, em média, em cerca de 140 mil toneladas. Porém, destas quantidades apenas 40 mil tiveram como destino o processamento nas unidades industriais.
No encontro foi ainda referido que cerca 35% da castanha de caju produzida no país circula no mercado informal, prejudicando as exportações.
Intervindo no debate, o economista Tomaz Salomão disse ser inconcebível que pouco mais de 80 mil toneladas da castanha de caju esteja fora do circuito normal da comercialização.
“Estamos a viver um cenário de algum caos no sector do caju no país e é inaceitável que isso aconteça. O debate de medidas estruturantes para o sector deve envolver outros actores como, por exemplo, as instituições do Ensino Superior, que devem, igualmente, promover a investigação destes cenários que infelizmente se registam neste sector”, disse.
Para o edil de Maputo, Eneas Comiche, o aumento da produção e produtividade do sector de caju necessita de uma aposta na investigação científica, envolvendo académicos que existem nas universidades do país.
Entretanto, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou que o debate constituiu “uma grande aprendizagem” para a busca de soluções que permitam que Moçambique volte a ser potência na produção e comercialização da castanha de caju, pois colheu-se subsídios e recomendações valiosas que possam ajudar a resolver este problema.
“Manifestamos o nosso compromisso de continuar a pesquisar a problemática da produção, comercialização e processamento da castanha de caju, na perspectiva de contribuirmos para se ultrapassar os principais constrangimentos que o sector enfrenta”, disse.
De acordo com o Governador, o Estado desempenha um papel importante como orientador de como buscar soluções para que o país, no geral, e a província de Nampula, em particular, “ocupem o patamar merecido, não só na região, como no mundo”.