A Exxon Mobil reuniu esta quinta-feira com o Presidente da República, Filipe Nyusi, e comunicou que pretende fazer captura de carbono para tornar mais limpo o projecto de gás em Moçambique, mas não avançou prazos para o arranque da exploração.
“Há questões que ainda estão a decorrer com vista à redução de custos da empreitada”, referiu à agência Lusa o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, após o encontro.
A petrolífera pretende “aproveitar o momento para fazer ajustamentos ao projecto para responder a requisitos de captura de carbono, apesar de o gás de Moçambique ser dos que têm menores níveis de emissões”, destacou o governante.
“Isto vai permitir simultaneamente uma redução de custos e tornar o projecto mais competitivo e alinhado com compromissos internacionais de que o país é signatário” ao nível da preservação do clima.
Sem entrar em detalhes à saída da reunião na Presidência, Liam Mallon, presidente da divisão de perfuração e extração da petrolífera Exxon Mobil, limitou-se a reafirmar o compromisso em investir na região, mas sem prazos.
O dirigente comentou a situação de insegurança em Cabo Delgado, considerando que tem havido progresso, “mas que ainda há mais por fazer”.
“A situação é um desafio”, referiu a propósito da insurgência armada que levou à suspensão de outros projectos de gás na região.
A Exxon Mobil está a monitorizar a situação, à espera que melhore e por agora tudo está “em pausa”, disse.
O dirigente visita Moçambique após notícias contraditórias sobre a disponibilidade da petrolífera para avançar com o projecto em terra da Área 4 de exploração de gás em Cabo Delgado.
Apesar do compromisso, ainda não há previsão para a decisão final de investimento, confirmou Max Tonela após os encontros.
O redesenho do projecto prevê sinergias com a Área 1, por exemplo, com “partilha de infraestruturas para levar a uma redução dos custos unitários de produção”, acrescentou o ministro.
O Governo espera que essa redução no custo do gás facilite a viabilização de projetos domésticos a desenvolver com a quota reservada para Moçambique com o objectivo de impulsionar a industrialização do país, acrescentou o ministro em declarações à Lusa.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março.
O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto quase concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante que vai captar e processar o gás para exportação, directamente no mar, com arranque marcado para 2022.
A plataforma flutuante deverá produzir 3,4 mtpa (milhões de toneladas por ano) de gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 prevê 15 mtpa.
A província de Cabo Delgado é aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.