As emissões de carbono do grupo populacional que constitui o um por cento mais rico do mundo excedem em 30 vezes o limite de 1,5°C proposto para 2030, apurou um estudo da Oxfam, divulgado na quinta-feira.
Ao mesmo tempo, a pegada climática dos 50% mais pobres deve manter-se bem abaixo desse limite, segundo a pesquisa divulgada em plena Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que decorre em Glasgow, na Escócia, até 12 de Novembro.
O estudo, intitulado “Desigualdade de Carbono em 2030 – emissões de consumo per capita e a meta de 1,5°C”, foi encomendado pela Oxfam e baseou-se em trabalhos do Instituto de Política Ambiental Europeia (IEEP) e Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), segundo um comunicado da Oxfam.
Na investigação estimou-se como as promessas dos governos vão afetar as pegadas de carbono das pessoas mais ricas e mais pobres em todo o mundo, colocando-se a população mundial e todos os grupos de rendimento como se fossem um único país.
O Acordo de Paris, de 2015, fixou o objetivo de um aumento do aquecimento global em 1,5°C, em relação à era pré-industrial, mas as actuais promessas de reduzir as emissões estão muito aquém do necessário, sustentou-se no texto.
Para cumprir este limite, cada habitante do planeta teria que emitir uma média de apenas 2,3 toneladas de dióxido de carbono (Co2) por ano até 2030, o que representa cerca de metade das emissões actuais de cada pessoa.
As principais conclusões do estudo apontam para que, em 2030, a metade mais pobre da população mundial vai continuar a emitir bem menos do que o nível proposto de 1,5°C.
Pelo contrário, o um por cento mais rico deve emitir 30 vezes mais do que o nível de 1,5°C proposto.
Se se considerarem as emissões totais globais, em vez das emissões ‘per capita’, o um por cento mais rico do mundo – menos pessoas que a população da Alemanha – deve ser responsável por 16% do total de emissões globais em 2030, acima dos 13% de 1990 e 15% de 2015.
Na opinião de Nafkote Dabi, responsável pela área de Política Climática da Oxfam, “uma pequena elite parece ter um passe livre para poluir”.
Dabi, ao desenvolver este ponto, as emissões desta ‘elite’ “estão a alimentar a crise climática em todo o mundo e a colocar em risco a meta internacional de limitar o aquecimento global”.
E previu: “As emissões dos 10% mais ricos do mundo podem colocar-nos acima da meta estabelecida para 2030. Isso terá resultados catastróficos para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade no mundo, que já enfrentam tempestades, fome e destituição”.