Em Junho deste ano, o PCA da EMME prometeu que as obras do megaprojecto “Futran” iriam começar em Setembro deste ano. Confrontado com os prazos, João Ruas desmentiu as suas próprias palavras e prometeu que Maputo terá, pelo menos, 50% das linhas em funcionamento em Dezembro de 2022.
Em meados deste ano, os moçambicanos foram brindados com uma boa nova: o projecto FUTRAN, uma iniciativa anunciada, em rede nacional, pelo PCA da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (EMME). O que sucede é que o mês de Setembro chegou e passou e já era expectável visualizar movimentações no terreno, mas, até agora, nada. Para decepar dúvidas, a nossa equipa deslocou-se à sede da empresa para obter respostas. “O projecto está a andar e é uma realidade, não é mais uma promessa falsa”. Foi com essas palavras que a nossa equipa foi recebida pelo PCA na empresa. Confrontado com os prazos, antes por si apresentados, justificou-se nos seguintes termos.
“Naquele dia…não disse que teríamos os podcars, ou que a obra iria começar em Setembro ou Outubro. Eu disse que o projecto vai arrancar em Setembro ou Outubro, mas não no terreno, pois há muito trabalho de bastidores a ser feito”, defendeu-se, citado pelo “O País”.
Mas, não foi bem isso que o engenheiro disse no dia do anúncio da boa nova. Na altura, o dirigente disse e passamos a citar. “As obras irão iniciar em Setembro e o tempo de duração de construção do projecto é de cerca de 18 meses”.
Contrariamente ao que havia prometido na primeira entrevista, as obras não iniciaram em Setembro. Contradições à parte, João Ruas tem novos prazos para que os munícipes possam ver in loco as obras no terreno. “Vamos poder ver as obras no terreno, provavelmente, daqui a um ano e meio”, confiou.
Questionado quando é que os munícipes vão poder desfrutar-se dos veículos suspensos, Ruas garantiu que “até Dezembro de 2022, cinquenta por cento das linhas estarão a funcionar”.
Depois de apresentar uma série de documentos à nossa equipa sobre o projecto, a Direcção da EMME revelou os motivos do atraso.
“Um projecto desta dimensão orçado em 250 milhões de dólares é necessário que esteja alinhado em diversas questões, porque um pequeno desvio pode ter impactos enormes. Este não é um projecto convencional como os outros. Há um trabalho de bastidores muito grande que tem que ser feito. Os pilares da estrutura, as vigas, os carros não são fabricados em Moçambique. Esses equipamentos são pré-fabricados em países diferentes para depois serem montados em Moçambique”, referiu.
Segundo a fonte, o outro motivo que atrasa o arranque do projecto no terreno é a entrada de grandes empresas, como a Mitsubishi e Toyota, que pretendem formar parcerias com Moçambique para adquirir o hidrogénio e amónia que serão produzidos através dos painéis solares, a principal fonte de energia dos veículos suspensos.
“Dada a dimensão do projecto, há mais parceiros que querem entrar. Em resultado dos sistemas de painéis, resulta muito hidrogénio e amónia verde e os referidos parceiros querem potenciar isso. Documentos que existem e estão disponíveis até na internet revelam que o mercado da amónia verde, em 2050, será de 200 biliões de dólares. Esses são grandes atractivos e esse projecto tem o potencial de gerar muito hidrogénio e amónia”, detalhou.
A empresa municipal refere que a aposta nessas fontes de energia limpa é uma das formas de garantir a sustentabilidade da iniciativa, para que o preço daquele transporte seja semelhante ao praticado pelos “chapas”. “Se nós conseguirmos fazer negócios paralelos de suporte, de parceiros ancorados no projecto Futran, não só vai ajudar a pagar a bilhética, mas também irá permitir um rápido retorno de investimento”, explicou.