O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento de 3,7% este ano e de 3,8% em 2022 na África subsaariana seja sustentado por uma melhoria das condições económicas nos países não produtores de petróleo.
“A previsão para 2021 foi revista em alta, principalmente pelas perspectivas melhores do que o esperado nos países de recursos intensivos não petrolíferos, nos quais o crescimento foi melhorado em 1,2 pontos percentuais para 4,7%, reflectindo o aumento dos preços das matérias primas”, lê-se no relatório sobre as Perspectivas Económicas da África subsaariana.
No entanto, acrescenta-se no documento divulgado em Washington, este crescimento “foi eliminado pela descida nas projecções para os países de recursos não intensivos, em 0,7 pontos, para 4,1%, o mesmo acontecendo com os países exportadores de petróleo, cuja previsão de crescimento foi revista ligeiramente em baixa, de 0,1 pontos, para 2,2%, o que reflecte uma previsão mais baixa para Angola”.
Este país lusófono africano deverá registar um crescimento negativo de 0,7% este ano, recuperando depois para um crescimento de 2,4% no próximo ano.
“O crescimento de 2021 foi revisto significativamente em baixa desde Abril por causa da queda nos investimentos e dos recorrentes problemas técnicos no sector petrolífero”, lê-se no relatório, que aponta o sector não petrolífero como “o principal motor do crescimento económico, com o comércio e a agricultura a recuperarem fortemente para acima dos níveis pré-pandémicos”.
No documento, os técnicos do FMI salientam que a melhoria das previsões para o conjunto dos países da região resulta de melhores condições internacionais, “o que indica que a região continua altamente vulnerável a mudanças na perspectiva global, onde os dois principais riscos são a inflação nos Estados Unidos e a possibilidade do covid-19 se tornar endémica, como a gripe”.
Assim, os decisores políticos africanos enfrentam três desafios principais: “Primeiro, lidar com as necessidades prementes de despesa para o desenvolvimento, segundo, conter a dívida pública e, em terceiro lugar, mobilizar receita fiscal em circunstâncias em que as medidas adicionais são geralmente impopulares”.
Sobre a dívida pública, o FMI diz que o nível geral deverá “aumentar ligeiramente em 2021 para 56,6% do PIB, mas este rácio continua elevado em comparação com o nível de antes da pandemia, quando estava nos 50,4%, sendo uma preocupação num número significativo de países”.
Metade dos países de baixo rendimento, que valem 25% do PIB da região e 28% do volume de dívida, estão com problemas na dívida ou em alto risco de ter problemas com a dívida (‘debt distress’, no original em inglês), e cerca de metade da dívida pública da região é devida a credores externos, numa divisão quase igual entre credores multilaterais, bilaterais e títulos de dívida, enquanto uma pequena percentagem é devida a bancos comerciais, diz o FMI.
Neste contexto, a China assume particular importância, representando metade da dívida a credores bilaterais, o equivalente a 7,5% do total de dívida pública africana, mas é altamente concentrada em cinco países (Angola, Camarões, Etiópia, Quénia e África do Sul), que têm 60% dos empréstimos chineses a esta região.