África e a Península Arábica sofreram uma extinção em massa há cerca de 30 milhões de anos, onde desapareceram 63% das espécies de mamíferos, mas que até agora não tinha sido documentada, revelou na quinta-feira (07) um estudo.
Esta extinção ocorreu na transição dos períodos geológicos denominados de Eoceno e Oligoceno, que resultaram no arrefecimento do clima na Terra, explica o estudo publicado pela ‘Communications Biology’.
Embora se saiba que este fenómeno afectou espécies de mamíferos na Europa e na Ásia, acreditava-se que África podia ter escapado ilesa, visto que o seu clima mais ameno podia ter servido como proteção contra a pior tendência de arrefecimento daquele período.
Uma equipa de investigadores concluiu que o continente africano também foi afectado, após a análise a uma ampla coleção de centenas de fósseis de vários locais daquele continente. Aquele período foi marcado por uma mudança climática drástica, ao contrário do que se regista actualmente.
A Terra arrefeceu, as camadas de gelo expandiram-se, o nível do mar diminuiu e as florestas começaram a transformar-se em pastagens com o dióxido de carbono a tornar-se escasso.
Quase dois terços das espécies conhecidas na Europa e na Ásia foram extintas, segundo revela a ‘Duke University’, dos Estados Unidos, uma das signatárias do estudo.
Os especialistas examinaram fósseis de cinco grupos de mamíferos: um de carnívoros extintos chamados hienodontes; dois de roedores, incluindo esquilos e porcos-espinhos; dois outros de primatas, estrepsirrinos (lémures e lorises) e antropóides (símios e macacos).
Os resultados mostraram que os cinco grupos de mamíferos estudados sofreram perdas “enormes” entre os períodos Eoceno e Oligoceno. “Foi um verdadeiro botão de reiniciação”, apontou o autor principal do estudo, Dorien de Vries, da Universidade de Salford, no Reino Unido.
Depois de alguns milhões de anos, estes grupos reapareceram nos registos fósseis, mas com um novo visual. Isto significa que as espécies fósseis do Oligoceno, após o grande evento de extinção, não são as mesmas que anteriormente.
A prova desta teoria está nos dentes molares destes animais, que reflectem muito sobre o que determinado mamífero come e, portanto, qual é o seu ambiente.
Os roedores e primatas que reapareceram após alguns milhões de anos tinham dentes diferentes, sendo novas espécies, comendo coisas diferentes e tendo habitats diferentes.
“Vemos uma enorme perda de diversidade dentária e, em seguida, um período de recuperação com novos formatos de dentes e novas adaptações”, acrescentou Dorien de Vries.
A rápida mudança climática não foi o único desafio enfrentado pelas poucas espécies de mamíferos sobreviventes, pois a África Oriental também foi atingida por uma série grande de eventos geológicos. Durante esse período ocorreram ‘supererupções’ vulcânicas que cobriram várias extensões de terra com lava, altura também em que Península Arábica se separou da África Oriental, dando origem ao Mar Vermelho e ao Golfo de Aden.