O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu esta terça-feira que os bancos multilaterais têm de “acordar e reconhecer o problema da insegurança”, apontando Moçambique como exemplo de um país atacado pelo terrorismo.
Os bancos de desenvolvimento multilateral têm de acordar e reconhecer o problema da insegurança, têm de encontrar novos instrumentos para ajudar os países a mitigar os riscos porque os recursos, por si só, não são suficientes”, disse Akinwumi Adesina na sessão de abertura do quarto Fórum sobre a Resiliência de África, que decorre desde ontem a partir de Abidjan.
Na intervenção, o banqueiro deu o exemplo de Moçambique, cujo norte do país tem sido alvo de ataques terroristas desde 2017.
“Ajudámos a estruturar um negócio de 24 mil milhões de dólares com a Total e outros em Moçambique, que será o terceiro maior exportador de gás natural liquefeito, mas de repente os terroristas chegaram lá, estão sempre à procura dos pontos fracos de África”, lembrou Adesina, defendendo que a solução para Cabo Delgado não pode ser apenas militar.
“Temos de pensar não só em termos militares, temos de ligar as questões de segurança ao investimento, crescimento e desenvolvimento”, argumentou o presidente do BAD, que lembrou que o banco está a criar títulos de dívida especificamente destinados a financiar a recuperação de zonas afectadas pelo conflito.
“Estamos a criar um índice de títulos de investimento em segurança, que vai permitir mobilizar recursos dos mercados de capitais a taxas de juro baixas com quatro objectivos principais: reforçar a arquitetura de segurança, reconstruir projectos de infraestruturas, recriar a infraestrutura social, como água, educação e escolas, e por último garantir que em todo o continente há boa protecção e sistemas de defesa à volta das áreas de investimentos estratégicos”, concluiu Adesina.