A Inclusão Fnanceira em Moçambique aumentou de 40% em 2014 para 54% em 2019 devido à expansão massiva das chamadas carteiras móveis que chegam hoje a perto de 6 milhões de moçambicanos.
Apesar do crescimento gradual, impulsionado com o uso de telemóveis, para alguns especialistas o acesso a serviços bancários e a provisão de serviços por instituições financeiras formais, ainda constitui o grande desafio para grande parte da população no país.
“Ainda existem muitos desafios em torno da inclusão financeira, como a limitada presença dos serviços bancários fora das zonas urbanas, constrangimentos em termos de pagamentos digitais, de educação financeira, falta de documentação, entre outros aspectos”, assinalou o representante do Banco Mundial, Julian Casal, durante um Webinar realizado esta quarta-feira pelo Absa Bank Moçambique para discutir a Educação Financeira para um Moçambique Sustentável.
O debate contou com a presença, de Rui Barros, Administrador Delegado do Absa em Moçambique na qualidade de moderador, Julian Casal, representante do Banco Mundial, Omar Mithá, PCA do Banco Nacional de Investimentos (BNI), a CEO da FSD Moçambique, Esselina Macome e o Economista e Investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Yasfir Ibrahimo.
Na sua intervenção, Yasfir Ibrahimo, explicou que “a inclusão financeira digital em Moçambique ainda carrega limitações, uma das quais é o acesso ao crédito bancário e a geração de poupança. Neste sentido, há que destacar a questão de criação de rendimentos através da consciencialização financeira, as vantagens que o sistema financeiro pode trazer para vida da população, todos estes aspectos estão interligadas às dinâmicas económicas e devem caminhar de forma diversificada e produtiva com vista a criar estímulos para a adesão ao sistema financeiro”.
Ainda no mesmo painel a Directora Executiva da FSDMoç, Esselina Macome, referiu que “existe a necessidade de continuar a trazer temáticas financeiras ligadas à componente digital, enquanto forma de promover a inclusão financeira sobretudo em zonas rurais.”
“A inclusão financeira não se limita apenas ao acesso, mas também na questão do uso, uma vez que no fim do dia queremos melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nós temos trabalhado com pessoas de baixa renda, algumas iletradas, mas com a tecnologia, estas mostram-se mais ávidas a aderir aos serviços financeiros, portanto, esperamos que o sector financeiro a par da inclusão financeira, traga novos actores, como as fintechs e outros provedores de serviços”, defendeu.
Por sua vez, o Presidente do BNI, Omar Mithá, considerou que “as políticas monetárias fiscais devem estar em linha com a conjuntura económica, por exemplo, numa situação de recessão económica era expectável que tivéssemos uma taxa de juro de referência mais reduzida. Portanto, é preciso criar um ambiente propício para actividades do sector real que afectam a população rural, isso já justifica de certa forma a presença de infra-estruturas e instituições financeiras”.
Até 2022, o Governo pretende que 60% da população adulta tenha acesso físico ou electrónico a serviços financeiros prestados por uma instituição financeira formal, 100% dos distritos tenham, pelo menos um ponto de acesso aos serviços financeiros formais e 75% da população tenha um ponto de acesso aos serviços financeiros a menos de 5 km do local de residência ou trabalho.