A empresa Ncondezi Energy assinou um acordo com a China Machinery Engineering Corporation (CMEC) para a construção de uma central eléctrica movida a carvão na província de Tete, no centro do país.
O grupo estatal chinês fica assim com o contrato de engenharia, aquisição e construção da central com capacidade para produzir, numa fase inicial, 300 megawatts de energia, anunciou a Ncondezi, num comunicado divulgado na quinta-feira.
O acordo, assinado numa cerimónia realizada através de videoconferência, é válido por três anos e prevê o arranque das obras da central assim que estiver garantido o financiamento do projecto, que inclui o desenvolvimento de uma mina de carvão em Tete.
O director executivo da Ncondezi, Hanno Pengilly, prometeu “dar mais novidades a seu tempo”, enquanto o presidente da CMEC, Fang Yanshui, garantiu que o grupo chinês está “empenhado (…) em concluir o projecto num futuro próximo”.
A CMEC estava em negociações com as autoridades e bancos da China sobre várias propostas para financiar a central, disse o director de projecto, Zhang Daguang, num comunicado divulgado em 23 de Agosto.
A central foi incluída numa lista de infraestruturas prioritárias para Moçambique, decidida em conjunto pelos governos da China e do país africano, disse a Ncondezi em Janeiro de 2020.
O arranque das operações da central estava inicialmente previsto para 2023, com planos para eventualmente atingir uma produção de 1 800 megawatts permitindo assim a exportação de energia para a África do Sul e Zimbabué.
De acordo com dados oficiais, atualmente apenas 34% dos cerca de 30 milhões de moçambicanos têm acesso a energia eléctrica.
Em Março, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu o acesso à energia eléctrica para toda a população nos próximos dez anos. Uma meta que será mais fácil com o arranque da central em Tete, sublinhou a mineradora Ncondezi.
Uma outra mineradora, a brasileira Vale, está a preparar a saída do negócio de carvão em Moçambique, “em linha com o foco da empresa em tornar-se ‘carbono neutral’ até 2050 e em reduzir em 33% as suas emissões até 2030”.
A Ncondezi garante que a central de Tete usará tecnologia “de ponta” para reduzir as emissões poluentes e o impacto ambiental.
Em Maio, um relatório da Agência Internacional de Energia avisava que só a suspensão total de todos os novos projetos de centrais elétricas alimentadas a carvão ou outros combustíveis fósseis permitiria ao mundo cumprir as metas acordadas em Paris em 2015.
Segundo dados do portal financeiro Refinitiv Eikon, a China é a responsável pelo financiamento de 71,9% de todas as novas centrais eléctricas a carvão actualmente em construção.
A Ncondezi tem a Africa Finance Corporation (19,48%) e a empresa polaca Polenergia (10,31%) entre os acionistas de referência, sendo os parceiros estratégicos do projecto a CMEC e a norte-americana General Electric.