Sete fábricas de processamento de castanha de caju em Nampula estão fechadas, devido ao problema de acesso à matéria-prima, causado pelos contrabandistas que compram e exportam ilegalmente a castanha bruta.
Moçambique produz, actualmente, cerca de 140 mil toneladas de castanha de caju e a província de Nampula é a que mais contribui, com 50%. Entretanto, o “monstro macua” na castanha está a ser reduzido, devido à intensa influência de comerciantes, na sua maioria, estrangeiros, que compram a castanha directamente dos produtores a um preço inflacionado e exportam de forma ilegal, deixando os processadores nacionais sem matéria-prima, apesar de a actual lei de caju preconizar que a prioridade na aquisição da matéria-prima deve ser dada às indústrias nacionais, quando é aberta a época de comercialização, que geralmente acontece nos três meses do final de cada ano.
“Neste momento, temos sete fábricas paradas e apenas nove estão a trabalhar, no total de 16 fábricas que existem. Há o problema de acesso à matéria-prima durante a campanha de comercialização. O que acontece é que há uma grande concorrência quando há comercialização. Não se obedece àquilo que está na lei, que é, primeiro, abastecer as fábricas e, depois disso, poder-se exportar a castanha bruta. A concorrência é da parte dos que vêm de fora, que são os primeiros a comprarem a castanha, inflacionam o preço e torna-se difícil os processadores poderem comprar”, denuncia Francisco Magaia, da Associação dos Industriais de Caju, citado pelo “O País”.
O secretário de Estado na província de Nampula, Mety Gondola, minimizou o problema e garantiu haver estudos de soluções, lembrando, igualmente, que está em discussão a revisão da Lei de Caju que vigora há 20 anos.
“Tivemos algumas discussões profundas em relação ao acesso à matéria-prima e à lei específica e pensamos que, neste processo, iremos encontrar um balanço entre os anseios dos exportadores e aquilo que são as suas potencialidades.”
Os entrevistados falavam à margem da exposição das potencialidades naturais, industriais e agrícolas, inserida na Feira Internacional de Maputo (FACIM), que, devido às limitações impostas pela pandemia do covid-19, as províncias fazem as suas mostras localmente e, através de plataformas digitais criadas pela comissão organizadora do evento, difundem pelo mundo.