O projecto de gás natural liquefeito (GNL) da TotalEnergies em Moçambique poderá ser retomado nos próximos 12 meses, após o destacamento de exércitos de países africanos para ajudar a combater a insurgência, disse, esta sexta-feira, 27, o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, que não espera que a interrupção “afecte a viabilidade de longo prazo do projecto de GNL”.
O gigante francês de energia interrompeu o projecto de 20 mil milhões de dólares em Abril, depois de combatentes ligados ao Estado Islâmico invadirem a vila de Palma, na província de Cabo Delgado, tendo-se, estão estimado que tal medida atrasaria a continuidade em, pelo menos, um ano, podendo ir até aos 2 meses de interregno.
Entretanto, com o avanço das Tropas do Ruanda e da Força em Estado de Alerta da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) destacadas para apoiar as forças moçambicanas a conter a insurgência em Junho e desde então, com as notícias de avanços contra os insurgentes sublinhadas pela declaração do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, sobe os bons progressos em Cabo Delgado, o regresso à normalidade do projecto suscita curiosidade por parte de um conjunto alargado de agentes económicos, dentro e fora do país. E há uma onda crescente de optimisto relativamente ao projecto da Área 1, baseada na possibilidade real de uma retoma dos trabalhos no início do segundo semestre de 2022.
É o caso do presidente do BAD, Akinwumi Adesina, que disse à Reuters não esperar que a interrupção afecte a viabilidade de longo prazo do projecto de GNL apontando mesmo um prazo entre 12 a 18 meses para o regressar da normalidade da operação. “O regresso da segurança àquela região dará garantias para a Total e outros voltarem”, disse Adesina, acrescentando que “dentro de um prazo de 12 a 18 meses, espero, que esteja estabilizado o suficiente para voltar aos trilhos”.
A TotalEnergies não comentou ainda o pronunciamento de Adesina.
Recorde-se que o BAD emprestou 400 milhões de dólares ao projecto, que é o maior investimento directo estrangeiro em África e pilar da estratégia de desenvolvimento económico de Moçambique.
“Ficámos realmente preocupados quando a Total declarou o caso de força maior e teve de se mudar. Mas dá para entender, por causa da situação de insegurança”, acrescentou o presidente do BAD.
Por outro lado, Akinwumi Adesina reconheceu que a insegurança ainda restringe investimentos noutras partes da África, apontando para zonas de conflitos no Chade, Mali, Burkina Faso, norte da Nigéria e Camarões.
E acrescentou que o BAD está da criar facilidades, incluindo títulos de investimento indexados à segurança, para ajudar os países africanos a combater a insegurança e reconstrução após a agitação.
“Sem segurança, você não pode ter investimento e não pode ter desenvolvimento”, conclui.