A repressão regulatória da China sobre mercados vistos como injustos encontrou mais alvos na passada sexta-feira entre fabricantes de bebidas, empresas de cosméticos e farmácias online.
Uma série de comentários e artigos nos media estatias defendiam uma supervisão mais rigorosa para proteger consumidores, uma vez que a campanha do presidente Xi Jinping para abordar a desigualdade amplia seu alcance nos sectores de tecnologia e saúde. Isso trouxe mais dor de cabeça para investidores, com instituições globais a alienar US$ 1 mil milhões em acções da China continental por via de links de trading só na sexta-feira, enquanto empresas chinesas negociadas nos EUA enfrentam semanas de perdas.
“Com as preocupações sobre regulamentação e o início de uma desaceleração do crescimento económico, é extremamente difícil ganhar dinheiro agora”, diz Hou Anyang, gestor da Frontsea Asset Management, em Shenzhen. “Neste ritmo, mesmo acções vencedoras em veículos elétricos e chips podem não permanecer fortes por muito mais tempo.”
Destiladoras estavam entre os destaques de queda no índice CSI 300, referência da China continental, enquanto o indicador Hang Seng de Hong Kong entrou em baixa de mercado, tendo caído 20% em relação à máxima no início deste ano.
A acção da Kweichow Moutai, maior fabricante de bebidas da China, perdeu 4,4%. Os papéis do sector saúde online também caíram. A JD Health International despencou 10% após o People’s Daily ter pedido mais protecções e garantias para medicamentos vendidos na Internet.
O indicador CSI caiu cerca de 3,6% nesta semana e fechou no menor nível desde 28 de julho.
Os media estatais também aumentaram a pressão sobre o sector de cirurgia estética, pedindo mais escrutínio de regulamentações incompletas e aumento das disputas médicas. Com isso, o papel da Ping An Healthcare & Technology desvalorizou 14%, uma queda recorde.
As perdas nestes novos sectores chegam num momento de apreensão de investidores sobre quais empresas podem entrar na mira de autoridades. Nas últimas semanas, vários foram atingidos, como de reforço escolar, cigarros eletrónicos, jogos e fórmulas infantis.
O foco em compartilhar a prosperidade na sociedade traduz-se em “menores ganhos e maior prémio de risco, e bastante incerteza”, assinala Sean Taylor, director de investimentos para Ásia-Pacífico do DWS Group, numa entrevista recente à Bloomberg Television. “Tivemos mudanças regulatórias no passado e, no geral, foram muito boas para acções de maior peso, porque estimularam a concorrência. Mas o que se está a passar agora é muito diferente, porque não sabemos onde está o fundo poço.”