Contas e mais contas. Há sensivelmente ano e meio que é assim. As empresas moçambicanas fazem contas das perdas que vão acumulando, na sequência do impacto directo da pandemia do Covid-19 nas suas actividades.
A Associação das empresas dos sectores da indústria e comércio fez um inquérito aos associados, e concluiu que houve uma redução de pelo menos 10% da massa laboral e outras medidas que incluem a diminuição do salário dos trabalhadores em muitas empresas.
Das medidas drásticas que vezes sem conta as empresas acabam tomando, quem sofre mais é o trabalhador e, consequentemente, a respectiva família. André Mandlate, secretário das relações jurídico-laborais e sociais da Central Sindical dos trabalhadores moçambicanos, diz que o drama para a massa laboral é enorme.
“A situação é muito crítica, porque a pandemia veio agravar e corroer o poder de compra daqueles que estão a trabalhar, uma vez que tem que incluir no seu cabaz, produtos de higienização e material de prevenção, como máscaras, num ambiente em que a economia está pouco produtiva e há muitos despedimentos,” disse Mandlate citado pelo VOA.
Pior momento
Desde inícios de Julho corrente, Moçambique está abraços com a terceira vaga do SarsCov-2 e vive o pior momento desde a descoberta do primeiro caso, em Março do ano passado.
Os números da contaminação sufocam a todos os níveis.
Os trabalhadores que contraem a doença sofrem, das empresas, descontos referentes a, pelo menos, 14 dias, período mínimo estabelecido para o isolamento e tratamento. O valor correspondente deve ser reclamado na segurança social e aqui, há por vezes, dores de cabeça para o trabalhador. Muitos saem frustrados, porque descobrem que os seus direitos estão suspensos, porque afinal, a entidade patronal, não canaliza as contribuições. Um velho dilema, que acaba sempre prejudicando o elo mais fraco.
Desonestidade
“Há empregadores pouco honestos que, ao invés de ajudar o trabalhador, neste momento em que mais precisa, promovem descontos e ficam insensíveis à questão da saúde, infelizmente são questões com que estamos a lidar” salientou Mandlate.
Dados do Ministério do Trabalho e Segurança Social indicam que, até o passado mês de Junho, mais de 1 060 empresas, que empregavam perto de 34 500 trabalhadores tinham suspendido os contractos laborais ou tomado outras medidas drásticas.
Desde a eclosão da pandemia, o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) vive a sua maior pressão de sempre.