A energia solar é uma das formas, sobretudo nas zonas rurais para levar energia a todo o País e, nesse sentido, empresas como a Power Blox, de origem suíça, a trabalhar em Moçambique há sensivelmente um ano, vêem no mercado nacional a possibilidade de uma rara conjugação entre oportunidade de negócio e construção de um bem real para milhares de famílias de todo o território.
Desde a sua implementação, a empresa tem-se dedicado à instalação de painéis solares em zonas remotas onde a rede eléctrica ainda não chega, ajudando a acelerar o processo de acesso universal à rede até 2030. “Somos uma empresa de tecnologia e de equipamento solar inovadora que transforma energia solar para o consumo das comunidades e com o objectivo de poder ligar qualquer equipamento básico a uma fonte de energia renovável”, explica Joaquim Magalhães, director comercial da empresa. Numa primeira fase, o projecto da Power Blox tem por objectivo fornecer energia a partir de painéis solares a cerca de 10 mil casas dos 46 distritos inicialmente identificados.
“Depois, na segunda fase do projecto, iremos abranger cerca de 1500 aldeias em oito províncias do País”, revela o gestor, explicando que “o projecto-piloto que envolve a primeira mini-grid (rede geradora de energia de pequena escala), totalmente operada por uma empresa privada, estará no distrito de Inhassoro, província de Inhambane. Nele já temos cerca de 30 casas e vamos fazer as restantes ligações porque o projecto envolve 46 casas”. Enquanto decorrem as primeiras ligações, a empresa garantiu estar a fazer contactos com diversas entidades governamentais e financiadoras para encontrar a melhor maneira de implementar o projecto e alcançar os objectivos definidos.
Apostando na inovação também ao nível do serviço prestado, enquanto outros provedores de energia solar direccionam os seus serviços para o mercado residencial, aplicando taxas de pagamento mensal, a Power Blox usa uma estratégia diferente: “Nós não vendemos o equipamento, ou seja, prestamos o serviço de entrega às populações e não há mensalidades. A partir do momento em que o equipamento está montado, as pessoas usam energia consoante o valor que tiverem e a garantia que damos é que os clientes têm energia para toda a vida. Depois de ligados a uma mini-grid, a Power Blox é responsável por garantir energia às populações”, garante o CEO.
A primeira fase do projecto está orçada em 70 milhões de dólares, sendo que a segunda, de maior expansão, está avaliada em 150 milhões, prevendo-se, também, a criação de cerca de dois mil empregos directos. Para além, claro está, dos benefícios às populações abrangidas que vão do simples bem-estar de poder usufruir de energia até à questão da segurança ou da aplicabilidade para milhares de pequenos empreendedores nos seus negócios.
A par da instalação dos sistemas solares nas residências, o projecto prevê, ainda, a instalação de sistemas solares nos hospitais rurais. “Neste momento, temos 42 clínicas com sistemas nossos instalados, nas províncias de Gaza, Inhambane, Manica e Zambézia, faltando agora instalar mais dez na província de Maputo”, aclara o gestor. Ciente dos desafios que podem surgir no decurso do projecto, Joaquim Magalhães não tem dúvidas quanto ao alcance do trabalho que a empresa tem feito. “Há um grande desafio pela frente que é levar energia onde, até há bem pouco tempo, seria impensável. E nós iremos contribuir para isso”.
Hermenegildo Langa