Moçambique deverá registar este ano, uma recuperação gradual do Produto Interno Bruto (PIB) com a retoma do consumo privado e aumento da produção.
A informação foi avançada durante a realização de um webinar sobre a conjuntura macroeconómica e oportunidades em tempos de crise.
A sessão promovida pelo Millennium bim contou com a participação de Moisés Jorge, administrador executivo e João Milheiro, director-corporate e foi apresentada por Oldemiro Belchior, economista-chefe e director da banca de investimento nesta instituição financeira.
A crise decorrente da pandemia da Covid-19 gerou um choque económico sem precedentes e está associada a elevados níveis de incerteza. A implementação coordenada de medidas de política monetária, fiscal e regulatória foi crucial no apoio à economia e na mitigação dos impactos sobre os agentes económicos.
Prevê-se uma recuperação gradual do PIB nacional em 2021 e 2022 (1,2% e 3,8% respectivamente), em linha com as previsões económicas globais, impulsionado pela retoma da produção agrícola e industrial num contexto de melhoria da procura externa.
A valorização dos preços dos bens de exportação (sobretudo o carvão mineral e alumínio), a implantação generalizada de vacinas para travar o aumento de novos casos de Covid-19, o aumento do consumo e do investimento privado são factores determinantes para o relançamento da actividade económica em curto prazo.
Está previsto o início da produção de gás natural offshore em 2022, através da plataforma flutuante na Área 4, Coral Sul, admitindo que a segurança esteja restaurada nas regiões mais afectadas pelos ataques de grupo de insurgentes.
Contudo, subsistem alguns factores de risco que podem condicionar a recuperação económica, designadamente a redução do fluxo de investimento directo estrangeiro e entrada de capitais agravando as pressões externas, a perda de valor da divisa nacional com afectação na subida do nível geral de preços (inflação), influenciando a postura conservadora da política monetária do Banco Central.
Foi também referido que Moçambique tem um extenso potencial para energias renováveis.
O potencial das novas renováveis só começou a ser explorado em grande escala recentemente. A capacidade de renováveis ligadas à rede, hoje de apenas 41 MW solar, aumentará em dez anos para 306 MW, tanto de energia solar como eólica.
O crescimento demográfico esperado nos próximos anos e os investimentos no sector de Gás Natural Liquifeito (GNL) irão elevar as necessidades de consumo energético para o uso doméstico, industrial e comercial. Actualmente a taxa de electrificação ligada à rede (on grid) é de 38%, existindo cerca de 20 milhões de moçambicanos sem acesso à electricidade.
Daí a importância de apostar-se no sector das energias renováveis atendendo ao potencial de crescimento, inovação, diversificação da matriz energética e geração de valor para a economia nacional.
No final da sessão foi apresentada a análise agregada do sector bancário, com referência a 2020, destacando-se os indicadores de balanço, demonstração de resultados, solidez e qualidade de crédito dos maiores bancos do mercado moçambicano.