A directora do Centro Nacional de Biotecnologia e Biociências (CNBB) diz que são necessários cerca de 90 milhões de meticais para equipar os laboratórios do centro. Alsácia Nhacumbe acredita que o apetrechamento dos laboratórios poderá permitir “a produção de vacinas em Moçambique e de outros produtos à base de biotecnologia”.
No país os laboratórios estão essencialmente direccionados para diagnóstico e não à criação de novos produtos. A directora do Centro Nacional de Biotecnologia e Biociências (CNBB) e investigadora de ciências animais defende por isso que “é urgente acomodar outras vertentes laboratoriais”.
“Se conseguíssemos um financiamento de até 90 milhões de meticais teríamos os laboratórios funcionais e acredito que, em menos de três anos, o centro poderia ter capacidade de produzir soluções que poderiam cobrir esse valor e depois gerar ganhos, resultado do impacto das pesquisas feitas”, frisou a investigadora que no ano passado foi eleita “Cientista do ano 2020”, na categoria de Ciências Veterinárias, numa competição promovida pelo International Achievements Research Center (IARC), uma instituição sediada nos Estados Unidos da América.
Alsácia Nhacumbe falava durante um seminário técnico realizado na província de Nampula, onde apontou as vantagens que o país pode tirar investindo na biotecnologia – o ramo da ciência que desenvolve tecnologias a partir de organismos vivos, podendo ser utilizada em diversas áreas, como na Agricultura, no meio ambiente e na medicina.
“Se o nosso país tivesse capacidade de explorar a Biotecnologia para além do teste de diagnóstico hoje não estaríamos 100% dependentes de outros países, por exemplo para a obtenção da vacina de covid-19. O desafio que de facto o nosso país tem é esse de poder ter laboratórios adequados para explorar ao máximo o potencial que o país tem”, disse.
O Secretário de Estado de Nampula, Mety Gondola, presente no seminário entre investigadores nacionais, defendeu que a aplicação da biotecnologia para resolver problemas concretos da população.
“É preciso utilizar esta área da ciência para resolver problemas concretos, como é o caso das doenças que enfermam as nossas populações, como a malária, a cólera e a desnutrição crónica. Portanto, apelamos aos investigadores para que usem esta oportunidade para discutir aspectos que vão transformar vidas das comunidades”.
O Centro Nacional de Biotecnologia e Biociências é uma instituição que funciona sob tutela do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional (MCTESTP).
De referir que Moçambique começou a fase de direccionamento das linhas de pesquisa da Biotecnologia em 2011 através do início de implementação do Programa Nacional de Biotecnologia, que promoveu acções estruturantes de investigação científica e desenvolvimento de produtos e serviços de valor acrescentado.