Há, nos últimos dias, uma notícia que tem sobressaltado quem a lê: há um foguete chinês de 30 metros que pesa 22 toneladas que se vai despenhar sobre o Planeta Terra nos próximos dias e, na verdade, ninguém sabe onde ele irá cair.
A história conta-se de forma simples: a 29 de Abril o foguete Long March 5B descolou da ilha chinesa de Hainan carregando o módulo Tianhe cujo lançamento foi a primeira das 11 missões necessárias para concluir a construção de uma estação espacial que deve ficar completa no fim de 2022. E é esse módulo que, segundo as principais agências que monitoram o espaço, está agora fora do controlo e em queda livre.
O objecto poderá cair – tendo por base a actual órbita – em qualquer ponto da Terra que estejam entre a latitude norte de Nova Iorque, Madrid e Beijing e a latitude sul do Chile, Wellington e Nova Zelândia (a sul) entre dias 8 e 10 de Maio, portanto, já este fim de semana.
Gianluca Masi de Ceccano, Itália, conseguiu capturar uma imagem , que ele compartilhou no seu site Virtual Telescope Project 2.0. No momento em que a imagem foi tirada, “o estágio do foguete estava a cerca de 700 quilómetros do telescópio, enquanto o sol estava apenas alguns graus abaixo do horizonte, então o céu estava incrivelmente brilhante”, escreveu Masi. “Este é um ‘entulho’ enorme (22 toneladas, 30 metros e 5 metros de largura), mas é improvável que possa causar danos graves.”
Não é a primeira vez que um foguetão atinge a terra
Episódios anteriores acendem os temores de que pedaços do foguete caiam sobre a superfície terrestre, mais especificamente em áreas habitada. Algo do género ocorreu em Maio de 2020, quando pedaços de outro foguete chinês “choveram” na Costa do Marfim, destruindo diversos edifícios. Ninguém ficou ferido no episódio, recorda um artigo da agência de notícias Reuters.
O 18º Esquadrão de Controle Espacial na Base da Força Aérea de Vandenberg, a 257 km de Los Angeles (na costa Leste dos EUA), rastreia mais de 27 mil objetos feitos pelo homem que estão atualmente no espaço, a maioria deles em órbita baixa.
O grupo está a monitorar o foguete chinês e a traçar eventuais cenários.
Segundo o porta-voz do Pentágono, John Kirby, “ainda é cedo” para saber se alguma acção, como a destruição de destroços espaciais, pode ser tomada se regiões habitadas estiverem ameaçadas.
Já Jonathan McDowell, astrofísico da Universidade de Harvard, disse que a situação não deve criar grandes problemas. Em entrevista à BBC News, o astrofísico acrescentou, no entanto, que “as pessoas podem ficar descansadas. O risco de atingir alguma coisa ou alguém é muito pequeno. Pode acontecer, mas não perderia o meu sono por causa dessa possibilidade tão pequena”, conclui.
China desmente
O Global Times, um tabloide chinês publicado pelo jornal oficial People’s Daily, classificou como “propaganda ocidental” as notícias jornalísticas de que o foguete está “fora de controle” e poderia causar danos. Segundo o veículo, “não vale a pena entrar em pânico” com o episódio, e citando fontes do sector aeroespacial da China.
“A maior parte dos destroços queimará durante a reentrada… deixando apenas uma pequena porção que pode cair em terra, potencialmente em áreas distantes de atividades humanas, ou no oceano”, disse Wang Yanan, editor-chefe da revista Aerospace Knowledge, ao jornal chinês.