O projecto de exploração de gás natural da petrolífera francesa Total no na bacia do Rovuma irá sofrer “pelo menos um ano de atraso”, disse esta quinta-feira o director financeiro do projecto, numa conversa com um grupo analistas financeiros.
“Claro que estes eventos terão impacto no calendário do projecto e, nesta fase, estimamos que este impacto será de pelo menos um ano de atraso”, disse Jean-Pierre Sbraire, citado pela agência de notícias AP.
Assim, o arranque da exploração e exportação de gás natural está agora previsto para nunca antes de 2025, segundo as declarações do responsável.
“Declarámos ‘força maior’ e estamos a gerir a situação com os sub-empreiteiros para minimizar as despesas até termos clareza sobre a situação”, acrescentou Jean-Pierre Sbraire, referindo-se à declaração que permite legalmente a suspensão das obras e do contrato de concessão assinado com o governo de Moçambique.
“Esperamos que as acções tomadas pelo governo de Moçambique e pelos seus parceiros regionais e internacionais permitam a restauração da segurança e a estabilização da província de Cabo Delgado de uma forma sustentável”, disse ainda, referindo-se à necessidade de garantir a segurança dos trabalhadores numa região que desde 2017 tem sido assolada por insurgentes.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714 mil deslocados, de acordo com o Governo.
O mais recente ataque ocorreu em 24 de Março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.