A economia moçambicana enfrenta nesta altura “múltiplos desafios”, incluindo uma “crescente insurgência no Norte do país e eventos climáticos extremos recorrentes”, assinala a agência de classificação S&P Global num seu relatório de investigação publicado esta semana.
Segundo a S&P, os ataques militares na província de Cabo Delgado representam uma “ameaça significativa” para as instalações de produção de gás, considerada como uma das maiores descobertas de gás natural do mundo.
A S&P, que classifica a dívida externa de Moçambique no CCC+, sete degraus abaixo do grau de investimento, disse ainda assim “esperar que o crescimento económico do país recupere em 2021 com uma maior produção mineira, face a um 2020 marcado pela pandemia.”
No entanto, lê-se numa nota divulgada pela agência Reuters, uma recuperação mais forte da economia dependia ” da normal decorrência dos projectos de gás que enfrentam crescentes riscos de segurança, bem como às previsões de secas e cheias, bem como do impacto dos ciclones que têm causado impactos nos últimos dois anos”.
Depois de a Total suspender as actividades por motivos de “força maior” no seu projecto de gás natural liquefeito (GNL) de 20 mil milhões de dólares, na sequência dos ataques insurgentes, o cenário dos próximos meses suscita questões. “Se este projecto entrar em funcionamento como previsto até 2024-2025, irá beneficiar as perspectivas económicas de Moçambique, e apoiar níveis de riqueza que são actualmente muito baixos por comparação global”, diz S&P. “Mas a maioria dos benefícios irá materializar-se para além do nosso horizonte de previsão actual, uma vez que a produção de gás irá provavelmente entrar em funcionamento em 2025, dados os atrasos verificados em 2021”.
A empresa de classificação projecta uma expansão do produto interno bruto (PIB) de 2,5% para este ano após a contracção de 1,25% do ano passado e vê o crescimento económico a uma média de 5,5% a partir de 2022.