A consultora Fitch Solutions estimou esta semana que a África subsariana vá crescer 2,9% este ano, depois da contracção de 3% no ano passado, um valor bem abaixo da média de 4% registada na última década.
De acordo com a actualização das previsões, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings estimam que a região vá enfrentar um “aperto” na política orçamental da maioria dos países “quando os pacotes de estímulo económico forem retirados durante este ano”.
Na região da África Austral, onde se incluem os lusófonos Angola e Moçambique, a Fitch Solutions estima que os governos “enfrentam o duplo desafio de aceder e depois administrar as vacinas contra a Covid-19” e acrescenta que “a distribuição também deverá ser desafiante devido à limitada infra-estrutura de transporte”.
Sobre Angola, a Fitch Solutions diz que o país vai demorar três anos até atingir o crescimento registado em 2019 e cita o “ambiente operacional pouco atractivo” como um dos constrangimentos estruturais que limita a perspectiva de crescimento da região.
“Esperamos uma recuperação modesta em Angola em 2021, depois de cinco anos recessão, com o PIB a recuperar de uma contração de 5,2% para crescer 1,7% este ano”, escrevem os analistas.
A inflação deverá ficar nos 19,7% este ano e “o Banco Central não deverá baixar as taxas de juro em mais de 0,5 pontos percentuais, para 15% até final do ano, o que manterá o acesso ao crédito caro para o sector privado”.
Relativamente à política orçamental, a Fitch Solutions antevê que o défice melhore de 1,7% em 2020 para 0,4% este ano devido “ao abrandamento da despesa orçamental nos próximos trimestres devido à implementação de um ajustamento orçamental, que vai limitar a força da recuperação económica”.