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Factfulness: A Terapia Pela Estatística

António Francisco • Professor Catedrático

21 de Abril, 2021
in Opinião
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O mundo está mal, com tendência  a ficar pior e mais violento? Os desastres provocados pelo homem e a corrupção aumentam? Os ricos estão mais ricos, enquanto que os pobres ficam mais pobres? O número de pobres não pára de crescer? Os recursos naturais estão em risco de se esgotar, a menos que se tomem medidas drásticas? A percentagem de crianças vacinadas contra qualquer doença é muito baixa? A proporção  global da escolaridade das mulheres na faixa etária dos 30 anos é muito inferior à dos homens na mesma faixa etária? Enfim, o mundo está tornar-se pior e mais perigoso do que foi para as gerações dos nossos pais, avós e bisavós?

Se esta é a sua percepção, deve sentir-se consolado. Não está sozinho. A sua visão actual do mundo,  não difere do quadro retratado na mídia e partilhada por eminentes personalidades políticas e científicas, jornalistas e activistas influentes na opinião pública internacional.

Ou admite a possibilidade dessa visão do mundo, estar errada? Já pensou que poderá ser uma visão super-dramática, enganadora, estressante,gerada por instintos emocionais e equivocados,  em contradição com a realidade factual?

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Os mais cépticos e pessimistas, cansados de serem assediados por uma ampla propaganda enganosa de catequistas da fortuna rápida, missionários da auto-ajuda e vendedores de receitas da sorte, se ainda mantiverem uma janelinha aberta para se deixarem surpreender,  vão a tempo de rever a sua percepção do mundo e aprender a controlar a propensão para o dramatismo. Se for o caso, espero que este texto lhe seja útil para a sua reflexão.

  1. Factualidade: Os dados do seu GPS mental estão correctos e actualizados?

Foi para mim motivo de grande satisfação intelectual e emocional, quando em finais de 2018, numa das minhas navegações pela  internet, deparei-me com um título inesperado: Factfulness: Ten Reasons We’re Wrong About the World–and Why Things Are Better Than You Think, da autoria de Hans Rosling, Anna Rosling Rönnlund e Ola Rosling.

A satisfação intelectual, baseou-se na familiaridade que adquiri com os recursos partilhados por Hans Hosling no site Gapminder. Há mais de uma década e meia, tenho usado os aplicativos de representação dinâmica dos dados estatísticos elaborados por Hosling, nas minhas aulas na Faculdade de Economia, da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Qualquer ex-estudante meu que leia este texto, certamente lembrar-se-á da fotografia do mapa mundial similar ao da figura abaixo, usada para analisar a evolução histórica do crescimento económico e do desenvolvimento económico e humano mundial.

Convido os leitores deste artigo, interessados na problemática do desenvolvimento, a fazer um click no sítio Gapminder, o “fact tank” criado por Hosling e seus co-autores, onde poderá apreciar e aceder aos recursos disponíveis. Na web existem também várias apresentações  públicas de Hosling, como a seguinte: The best stats you’ve ever seen, TED 2006.

Apesar de não ter tido o privilégio de interagir pessoalmente com Hans Rosling, nos anos em que trabalhou em Moçambique, tornei-me um dos utilizadores da informação estatística que produziu, não tanto pelos dados em si, mas pela forma criativa e inteligente do poder analítico da estatística, para entender as mudanças da realidade natural e social.

Os dados são o resultado de uma sofisticada elaboração analítica, metodológica e técnica

Foi por causa deste segundo aspecto que senti uma grande satisfação emocional,  principalmente ao tomar conhecimento que Hans Rosling, no último ano da sua vida (faleceu em 2017), ainda conseguiu conceber e elaborar grande parte do livro Factfulness. Este acabaria por ser finalizado e publicado em Abril de 2018, pelos  co-autores, o filho e a nora.

O livro Factfulness, vai para além da interessante interpretação e articulação   da  rica base de  dados estatísticos internacionais, sobre a evolução e dinâmica populacional, económica,  do desenvolvimento humano e do meio ambiente. Vai também para além  da forma inovadora, pedagógica e didáctica de representação dos dados estatísticos, através de aplicativos dinâmicos. O aspecto  mais inovador  deste livro, destaca-se na  capa da versão em português : “informações como uma forma de terapia”. Os autores abordam este aspecto  no Capítulo 2, sobre “O instinto da negatividade” – “Um novo tipo de pílula da felicidade, completamente grátis on-line!” (p. 83).

Sabendo que Hosling, além de académico e brilhante estatístico,  foi também  médico. Não usou a estatística para fins terapêuticos  no sentido metafórico ou figurado. O conteúdo do livro mostra como os dados  estatísticos podem ser usados para tratamento dos equívocos de percepção, gerando efeitos psicológicos, emocionais e comportamentais.

O título deste artigo destaca a expressão “terapia pela estatística”, em vez de “terapia pelos dados” (Gomes, 2020), para contrariar a tendência reducionista da análise estatística aos dados. Os dados são o resultado de uma sofisticada elaboração analítica, metodológica e técnica. A lista de dez instintos que constituem o corpo principal da obra Factfulness, analisados ao longo de mais de 350 páginas, pressupõe um elaborado desenvolvimento que agrega e expande as fronteiras da dimensão dos dados, desviando o foco para os factos, em vez das sensações ou experiências emocionais instintivas:  “[o] mundo não pode ser compreendido sem números”, mas também “não pode ser compreendido só com números”(p. 221).

Existem diversas razões que justificam o aprofundamento da ideia de que a deturpação da percepção do mundo, resultante de equívocos psicológicos e emocionais, necessita de ser tratada como são tratadas as doenças na medicina terapêutica, aplicada no tratamento de pacientes, recorrendo por vezes a fármacos anti-coagulantes ou anti-depressivos para evitar a formação de trombose. O recurso à terapia,  tem sido também equiparado à prática de exercícios físicos e à alimentação equilibrada, com o propósito de melhorar o bem-estar físico.

Os fazedores de políticas não podem contribuir para a resolução dos problemas nacionais e globais, se recorrerem  a dados errados

De certo modo, a experiência de Hosling condensada no livro Factfulness, fornece um modelo de referência para corrigir e superar equívocos, a fim de alcançar uma percepção intelectual e emocionalmente saudável e mais consistente com a realidade que vivemos. Isto tem implicações práticas  na nossa vida pessoal e profissional. Rosling ilustra a referida praticabilidade, referindo-se à informação disponível no GPS que usamos no carro.

Ninguém confia num aparelho GPS que comece a dar  direcções diferentes das desejadas, porque sabe que acabará num local errado. De igual modo,  os fazedores de políticas não podem contribuir para a resolução dos problemas nacionais e globais, se recorrerem  a dados errados. Como é que os empresários poderão tomar decisões correctas para as suas organizações, se os  dados sobre os consumidores e clientes estiverem errados ou desactualizados?

1.       Ilusões de óptica, de previsão e de interpretação

Segundo a obra do psicólogo Daniel Gilbert, Tropeçar na Felicidade (2007, p. 17), tanto os erros derivados de ilusões de óptica como os erros que cometemos quando tentamos imaginar o nosso futuro, são erros certos, regulares e sistemáticos. Não são erros grosseiros, mas erros inteligentes, com um padrão que revela a concepção elegante do funcionamento interno do sistema visual, assim como os poderes e os limites da previsão do futuro.

Suspeito que a forma como o livro Factfulness analisa os instintos básicos, poderá ajudar a aprofundar o que Gilbert revela sobre o que a ciência nos diz sobre como e com que eficiência o cérebro humano pode prever o seu próprio futuro e  como  pode prever quais desses futuros ele vai preferir.

A importância da análise dos instintos básicos no Factfulness vai além dos aspectos pedagógicos no uso dos dados de forma inovadora e didática. Ela aponta para a  dimensão acima referida:  a terapia pela estatística. O  livro Factfulness, organizado em onze capítulos (além da introdução, notas, extensivas fontes bibliográficas, webgráficos e índice remissivo), dedica dez  capítulos à análise de dez instintos,  que distorcem a nossa visão e levam as pessoas a pensar de forma super-dramática ou mesmo catastrófica.

Mais do que fornecer uma imensidão de dados e gráficos estatísticas, o livro apresenta um conjunto de ferramentas analíticas e práticas, para se pensar de modo simples e correto, melhorando a nossa visão global do mundo. Na impossibilidade de se comentar de forma minimamente satisfatória cada um dos dez instintos, de seguida irei apenas enumerá-los e destacar o seu principal significado, sugerindo aos interessados a consultar do livro.

  1. Factfulness: Dez razões e instintos causadores de equívocos acerca do mundo

As dez razões pelas quais estamos errados acerca do mundo, são associadas a dez instintos básicos e regras de ouro comprovados pelos dados estatísticos:

  1. Instinto de separação: A grande e equivocada concepção de que “o mundo está dividido em dois” (p. 32); um pensamento binário que divide as pessoas em más e boas, e o mundo, em “países desenvolvidos” e “em vias de desenvolvimento”. Graças a Rosling, o Banco Mundial substituiú a sua anterior visão dicotómica pela classificação em quatro níveis de rendimentos por dia: Nível 1) um dólar; Nível 2) quatro dólares; Nível 3) 16 dólares; 4) 32 dólares. Regra de Ouro: Procure a maioria. Recomendação: Tenha cautela em relação a comparações médias e a comparações extremas.
  2. Instinto de negatividade: A grande e equivocada concepção de que “o mundo está piorando” (p. 78). Um instinto que insta as pessoas a sentir em vez de pensar, a notar mais o mau que o bom, a não distinguir mau de melhor e por essa via, à ideia que o mundo está cada vez pior. Regra de Ouro: Espere más notícias, pois boas notícias e melhoria gradual não são notícia. Recomendação:  Acautele-se contra a idealização do passado.
  3. Instinto de linha recta: A grande e equivocada concepção de que “a população mundial está apenas aumentando e aumentando” (p. 143). Perceba por que mais sobreviventes levam a menos pessoas. Regra de Ouro: Linhas podem ser curvas. Recomendação: Avalie o desempenho e relativize o exagero.
  4. Instinto de medo: Guerra e conflito, contaminação, terrorismo. Qual é o seu maior temor? Medo versus perigo: ter medo das causas certas (p. 214). Regra de Ouro: calcule os riscos. Recomendação: Medo versus realidade. Risco = perigo x exposição. Antes de seguir em frente, acalme-se.
  5. Instinto de tamanho: As mortes que eu não vejo, um instinto descrito, recorrendo à experiência do jovem Hosling como médico em Nacala, Moçambique, na década de Regra de Ouro: Ponha as coisas em proporção. Recomendação: Se identificar um fosso (gap) pense em como há uma maioria no meio e entre esses extremos que definem um fosso no meio. Use a regra 80/20, compare e divida.
  6. Instinto de generalização: Generalizações errôneas bloqueiam a mente para diversos tipos de entendimento (p. 244). Choque de realidade. O instinto de separação divide o mundo entre “nós” e “eles”, enquanto o instinto de generalização faz com que “nós” pensemos que todos “eles” são iguais. Regra de Ouro: Questione as suas categorias. Recomendação: Evite generalizações arrebatadoras. Os executivos e empresários precisam de uma visão do mundo baseada em factos para encontrarem os seus futuros consumidores (p. 248).
  7. Instinto de destino: Reconhecer que muitas coisas (incluindo pessoas, países, religiões e culturas) parecem constantes apenas porque a mudança está acontecendo lentamente. Regra de Ouro: Mudança lenta, ainda é mudança. Recomendação: Monitore as melhorias graduais, actualize o seu conhecimento, fale com o vovô e colecione exemplos de mudança cultural (p. 306).
  8. Instinto de perspectiva única: Em quem podemos confiar? Porque o governo não deve ser confundido com pregos e porque sapatos e tijolos às vezes dizem mais que números (p. 307). Onde é que ginecologistas nunca põem os dedos? Regra de Ouro: Arranje uma caixa de ferramentas. Recomendação: Reconheça que uma única perspectiva pode limitar a sua imaginação.
  9. Instinto de culpar: Sobre máquinas de lavar mágicas e robôs que fazem dinheiro. Quem você deveria culpar? Regra de Ouro: Resista à culpabilização. Recomendação: Reconheça quando um bode expiatório está sendo usado; procure causas, não vilões. Procure sistemas, não heróis.
  10. Instinto de urgência: Como “agora ou nunca” pode bloquear os nossos caminhos e as nossas mentes (p. 678). Barreiras físicas e barreiras mentais. Os cinco riscos globais com os quais nos devemos preocupar: pandemia global, colapso financeiro, guerra mundial, mudança climática, extrema pobreza e mais um… o risco do Regra de Ouro: Dê passos curtos. Recomendação: Reconheça quando uma decisão parece urgente e lembre que ela raramente é. Desconfie de gente com bolas de cristal. Tenha cautela com acções drásticas (p. 722).

O Capítulo 11 –  Factfulness na Prática, apresenta uma síntese das lições dos capítulos anteriores e a conclusão. É neste capítulo que Hosling explica a dedicatória enigmática que aparece no início do livro: “À brava mulher descalça, cujo nome não conheço, mas cujos argumentos racionais me salvaram de ser trucidado por uma multidão de homens furiosos com facões”. Hosling desfaz o enigma, descrevendo a história da mulher descalça e anónima, ocorrida em 1989 na República Democrática do Congo, quando fez parte de uma equipe que investigava uma epidemia da incurável doença paralítica chamada konzo, descoberta em  Moçambique, anos antes. Uma história que ilustra a ideia de que a fidelidade aos factos, não só para a melhoria do conhecimento, mas para salvar vidas, como salvou a do autor.

3.       Factfulness: O hábito libertador de só (?) ter opiniões baseadas em fatos

O título da versão brasileira do Factfulness excede-se na forma como destaca a importância dos factos na formulação das opiniões sobre a realidade. A despeito do entusiasmo de Rosling, na promoção da importância dos factos na formulação das opiniões das pessoas, não parece correcto nem justo, passar a impressão que o livro defende que as opiniões devem basear-se “só” em factos. Este empirismo e positivismo exagerados não fazem justiça à investigação teórica e empírica de Rosling, mesmo se o seu efusivo entusiasmo na forma como usa os dados, possa ter contribuído para a impressão que ele era um fundamentalista da factualidade.

O Factfulness não é a única obra publicada nos recentes anos,  em defesa da análise baseada em dados estatísticos e modelos científicos. Steven Pinker publicou em 2018 O Novo Iluminismo. Em Defesa da Razão, da Ciência e do Humanismo; uma obra notável em defesa de um debate político alicerçado em dados estatísticos e com cerca de 100 gráficos, baseados em indicadores empíricos rigorosos, mas com uma diferença importante em relação ao Factfulness. Pinker trata o progresso científico, político e moral como um legado do Iluminismo, a partir do qual argumenta que o movimento iniciado no século XVIII e os seus ideais de Razão, Ciência e Humanismo são a única alternativa viável aos movimentos populistas dos nossos dias.

Na mesma linha de optimismo, inteligente e fundamentado em evidências empíricas, o livro de Gregg Easterbrook (2018), It’s Better Than It Looks: Reasons for Optimism in an Age of Fear, também defende que há motivos suficientes para optimismo numa era de medo, causado por  problemas profundamente preocupantes, até mesmo existenciais: fascismo, terrorismo, colapso ambiental, desigualdade racial e económica e outros.

Assim, de diferentes formas, as três obras aqui referidas coloca-nos de sobre-aviso em relação aos relatos jornalísticos selectivos ou aos clamores exagerados de políticos, activistas e lobistas, num mundo onde as fake news, pós-verdades, teorias conspirativas e negacionistas, sustentadas por diferentes ideologias, assumem  avassaladora importância.

4.    A factualidade ameaça regimes autoritários?

Várias passagens do livro de Rosling testemunham o quanto a sua vivência em Moçambique marcou-o  pessoal e profissionalmente,  como jovem médico, na década 1980 – “… o único médico para uma população de 300 mil pessoas”. Nessa altura, ele e mais um colega cobriam “…uma população que na Suécia seria atendida por cem médicos e toda[s] manhã[s], a caminho do hospital, eu dizia para mim mesmo: ‘Hoje eu tenho que fazer o trabalho de cinquenta médicos’” (p. 321).

Desconheço como é que Hosling, nas últimos anos da sua vida, acompanhou os controversos acontecimentos políticos, militares e financeiros que Moçambique tem enfrentado na última década. Pelo que revela no livro, a sua experiência de vida e trabalho “num país comunista (Moçambique)” (p. 319), deu-lhe suficiente traquejo para em 1993, quando foi a Cuba investigar uma devastadora epidemia que estava a afectar 40 mil pessoas, tenha ido: “…com grande curiosidade, mas sem quaisquer ideias românticas, e não desenvolvi nenhuma enquanto estive lá” (p. 319).

“Quando possuímos uma visão do mundo baseada em factos, vemos que o mundo não é tão mau como parece — e conseguimos ver o que temos de fazer para continuarmos a torná-lo melhor” (p. 260). E é a este nível que as coisas se tornam desafiantes, em termos políticos, morais e ideológicos. A defesa convincente do hábito libertador de opinar com base em factos, tem o mérito de reforçar um optimismo inteligente, realista e factual, em vez do optimismo vulgar-míope e/ou manipulativo-amoral que prevalecem na sociedade moçambicana.

O optimismo alicerçado na factualidade, permite explicar o fracasso em vez de profetizar o êxito, na base da superstição, da demagogia e do pensamento desejoso beócio e ilusionista. Hosling desenvolveu um pensamento crítico suficientemente realista, para o imunizar contra os vírus ideológicos de diferentes proveniências e saber desconfiar de ideias simplicistas e soluções superficiais, veiculadas por abordagens monolíticas e acríticas. Isto permitiu-lhe antecipar e alertar para os riscos com que devemos preocupar-nos, incluindo que “…um novo terrível tipo de gripe ainda é a mais perigosa ameaça à saúde global” (p. 366). Como sabemos, não perdeu pela demora; após a sua morte, em menos de três anos o mundo viu-se a braços com a pandemia do Covid-19 que permanece descontrolada.

Face aos diversos desafios que estão a emergir no decurso da pandemia do Covid-19, o entendimento de Rosling quanto à pertinência e urgência do espírito crítico, assume relevância renovada na actualidade. Foi um crítico frontal e destemido no questionamento do uso e abuso do autoritarismo, dos hábitos e crenças supersticiosas, da demagogia despudorada e cínica.

O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão do conhecimento, disse algures Stephen Hawking. Nada melhor que aprender a recorrer aos factos, para testar e validar o nosso conhecimento. Se ajudar a corrigir as suas percepções pessoais sobre o mundo em que vive, talvez descubra que é melhor do que aquele em que acredita.

 

 

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