As perdas do sector financeiro já eram previsíveis e revelam aquilo que só pode ser olhado à luz de um ano de 2020 completamente atípico a todos os níveis, um facto que se nota nas contas apresentadas esta quinta-feira, 15 de Abril, pelo Absa Bank Moçambique que, apesar de tudo, podem ser consideradas positivas fechando um ano “desafiante” a fugir do vermelho. Apesar de uma quebra acentuada dos lucros face a 2019, justificada directamente pelos custos da pandemia e pelo impacto das moratórias de crédito, a instituição fecha o ano com contas positivas e um dado a destacar: maior volume de crédito concedido è economia, aumento da carteira de depósitos (15,4%), rácio de liquidez nos 42.3%, quase o dobro do limite regulamentar e imparidade de crédito situado em 315 milhões de meticais, representando 1.4% do total da carteira.
De acordo com o Administrador-delegado da instituição, Rui Barros, “embora consigamos reportar um aumento de 3,5% das receitas, para 4,7 mil milhões de meticais, a verdade é que esse crescimento da receita não foi suficiente para absorver outros impactos na performance no negócio. Por isso, os resultados líquidos para 2020 foram de 259 milhões de meticais, o que representa uma quebra de 75,5% em relação a 2019”. O gestor explica que se trata de uma queda que não é justificada pelo lado das receitas ou pela evolução do negócio, mas pelo impacto significativo ao nível dos custos, que aumentaram 19,7% para 4,1 mil milhões de meticais, em grande medida explicados pelas medidas tomadas para fazer face à pandemia.
A base de custos ter-se-á expandido, em parte, devido a um conjunto de medidas que o banco tomou com destaque para as moratórias de crédito num total de 207 milhões de meticais que o banco tinha de recebimentos
Rui Barros esclareceu que a base de custos ter-se-á expandido, em parte, “devido a um conjunto de medidas que o banco tomou para prevenir e apoiar colaboradores, clientes e parceiros no âmbito do covid-19, com destaque para as moratórias de crédito (num total de 207 milhões de meticais) que o banco tinha de recebimentos, quer de particulares quer de empresas, e que ficaram por ser pagos mais tarde. As moratórias incidiram sobre mais de 2 500 indivíduos de cerca de 40 empresas. Nas contas dos recursos que o banco não cobrou estão também 30 milhões de meticais em isenções de comissões sobre as transacções financeiras, uma medida que visava incentivar a utilização de meios electrónicos e obedecer ao distanciamento físico imposto pela pandemia. Além disso, há ainda uma parcela relativa aos custos relativos à mudança de marca (de Barclays Bank Moçambique para Absa Bank Moçambique, em Novembro de 2019 cujas acções se prolongaram pelos primeiros meses de 2020).
Créditos e depósitos em expansão
Apesar da significativa redução do lucro, que quebra uma subida exponencial que a actual equipa de gestão do banco tinha vindo a apresentar ano após ano, Absa reporta um bom desempenho ao nível dos depósitos que cresceram na ordem de 15,4%, um resultado que coloca o banco “numa posição de liquidez confortável, o que nos faz pensar que seria importante, nesta altura, disponibilizar essa liquidez à economia”, refere Rui Barros, mantendo a porta aberta para uma tendência que se tornou evidente, com a apresentação dos resultados: o aumento da concessão de crédito.
A reste respeito, na perspectiva do financiamento à economia, o banco registou um desempenho que a equipa de gestão considerou “fantástico” ao nível da concessão de crédito, com a carteira a crescer 41% em relação a 2019, o que elevou a quota do mercado relativa ao crédito à economia para 8,85%, nível significativamente superior ao de há cinco anos, quando o banco apresentava uma quota de mercado de cerca de 5%.
Em termos sectoriais, a Absa Bank Moçambique financiou prioritariamente o Comércio, com um total de 5,75 mil milhões de meticais, seguido das entidades do Estado com 4,4 mil milhões de meticais, Indústria Extractiva e os Transportes (ambos com 2,25 mil milhões) sendo os particulares e a agricultura os sectores com relativamente menor crédito (2,23 mil milhões e 1,13 mil milhões de meticais respectivamente).
O activo total também continuou a crescer e atingiu, no final de 2020, 48 mil milhões de meticais (uma expansão de 16,6% em comparação com o ano anterior) e o capital do banco também expandiu 3,3% para 7,7 mil milhões de meticais.
Cresceu em todos os segmentos do mercado
Ao nível da banca de retalho, o Absa reporta aumento em 20,4% da carteira de crédito, em 17% nos depósitos, além da melhoria do tempo de processamento na abertura de contas de clientes e nos desembolsos de empréstimos, entre outros avanços que incluem a inovação digital.
O banco registou um desempenho “fantástico” na concessão de crédito, com a carteira a crescer 41% em relação a 2019, o que elevou a quota do mercado para 8,85%, nível significativamente superior ao de há cinco anos, que era de cerca de 5%
Já em relação à banca corporativa, o Banco fala de “forte aumento da carteira de crédito”, em 60%; “aumento substancial da carteira de depósitos”, em 23%; “forte aumento da carteira de crédito na banca comercial” (52%) e “aumento substancial da carteira de depósitos na banca comercial” (31%).
Mais ligações com a indústria extractiva
O Absa também reporta quatro memorandos de entendimento que foram assinados para estabelecer parcerias de médio/longo prazo no âmbito da indústria do gás natural, mas focado nas PME, no quadro da política de Conteúdo Local.
Quanto ao apoio às comunidades, destaque vai para quatro grandes iniciativas de menor dimensão, orçadas em 15 milhões de meticais e que beneficiaram mais de 250 mil pessoas.
Em impostos, o Absa contribuiu para os cofres do Estado com um total de 710 milhões de meticais, suficientes para se manter como “um dos principais contribuintes do País”, segundo o Administrador-delegado do Absa, que prevê o retorno à normalidade das operações da instituição em 2023.



































































