O secretário-geral da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM), a maior central sindical do país, considerou esta terça-feira um “golpe duro para milhares de empregos” os ataques ao distrito de Palma, que alberga projectos de gás natural.
“Os ataques a Palma e a paralisação das actividades laborais são um golpe duro para milhares de empregos de moçambicanos”, referiu Alexandre Munguambe.
O responsável avançou que “muitos trabalhadores estão a ver os seus contratos rescindidos” porque as empresas não podem continuar a prestar serviços e bens às multinacionais petrolíferas, devido à violência em Cabo Delgado e à suspensão dos projectos de gás.
“Cabo Delgado era uma grande esperança para jovens desempregados, mas essa esperança voou”, acrescentou.
O secretário-geral da OTM assinalou que a continuidade de pequenas e médias empresas constituídas para operar nos projectos de gás em Cabo Delgado está em causa.
“São empresas que se endividaram junto à banca, contrataram trabalhadores e até subcontrataram outras empresas, mas agora têm o seu futuro incerto”, sustentou Alexandre Munguambe.
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há mais de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma
Condenando “as acções dos terroristas”, o sindicalista apelou ao Governo a fazer de tudo para acabar com a violência em Cabo Delgado.
“O Governo, em cooperação com todos os parceiros internacionais, principalmente a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral [SADC], deve ser incansável no combate à violência em Cabo Delgado”, defendeu Munguambe.
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há mais de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projectos de gás natural.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, mas as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas reassumiram completamente o controlo da vila, anunciou o porta-voz do Teatro Operacional Norte, Chongo Vidigal, uma informação reiterada pelo Chefe do Estado moçambicano.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.