A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) decidiu esta quinta-feira enviar uma equipa técnica, “com carácter imediato”, a Moçambique, para a avaliação das necessidades do país no combate ao “terrorismo”, anunciou a organização.
A decisão foi anunciada no comunicado final da Cimeira Extraordinária da Dupla Troika da SADC, que integra os países das ‘troikas’ do Órgão de Defesa e Segurança e da Troika da SADC, convocada para debater a violência armada na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
“A Cimeira da Dupla Troika decidiu formar e enviar imediatamente a Moçambique uma equipa técnica”, para a avaliação das necessidades de apoio na luta contra a violência armada no norte do país, disse a secretária executiva da SADC, Stergomena Lawrence Tax, lendo o comunicado.
No encontro em Maputo foi igualmente aprovada a constituição de uma equipa interministerial da organização regional para estudar o assunto, acrescentou Tax.
Os resultados da avaliação serão submetidos à consideração de uma cimeira extraordinária da Dupla Troika convocada para o final deste mês em Maputo, avançou a secretária executiva da SADC.
A cimeira manifestou solidariedade total e compromisso contínuo da SADC na luta pela paz e segurança na região
Stergomena Lawrence Tax disse que na reunião de ontem, a SADC ressalvou que o terrorismo não tem lugar em Moçambique e na África Austral, devendo ser combatido de forma adequada.
“A cimeira manifestou solidariedade total e compromisso contínuo da SADC na luta pela paz e segurança na região”, enfatizou Tax.
Os líderes da Dupla Troika repudiaram a matança de civis, mulheres e crianças pelas “ações terroristas” em Cabo Delgado, notando que “não será permitida que a violência armada continue devendo merecer uma resposta adequada”.
No final da leitura do comunicado, não foram permitidas perguntas, mas a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse que a equipa técnica e a equipa interministerial da SADC é que vão indicar as necessidades de ajuda para a luta contra o terrorismo na região.
Os ataques terroristas no norte de Moçambique são uma ameaça a toda a região da África Austral e, por isso, precisamos de uma resposta colectiva
Na abertura do encontro, o presidente do Órgão de Política de Defesa e Segurança da SADC e chefe de Estado do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, defendeu “uma resposta colectiva” contra os “ataques terroristas” no norte de Moçambique.
“Os ataques terroristas no norte de Moçambique são uma ameaça a toda a região da África Austral e, por isso, precisamos de uma resposta colectiva”, declarou Masisi.
A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há cerca de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projectos de gás natural.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.
O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na semana passada o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia, mas as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas reassumiram completamente o controlo da vila, anunciou na segunda-feira o porta-voz do Teatro Operacional Norte, Chongo Vidigal, uma informação reiterada na quarta-feira pelo Presidente moçambicano.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.