Os empréstimos chineses a África caíram quase um terço em 2019, para menos de 9 mil milhões de dólares pela primeira vez nos últimos 10 anos, sinalizando a cautela chinesa com as economias africanas.
De acordo com um estudo da China-África Research Initiative, da Universidade norte-americana Johns Hopkins, citado esta quarta-feira pela agência de informação financeira Bloomberg, os empréstimos chineses aos países africanos deverão ter continuado a cair também no ano passado devido ao aumento do perigo de incumprimento financeiro por parte dos parceiros africanos.
“Em vez de continuarem a despejar financiamento para países com problemas de dívida, os credores chineses afastaram-se desses países, embora de forma tardia nalguns casos, como a Zâmbia”, escreveram Kevin Acker e Deborah Brautigam, os autores do estudo.
Os dados apresentados no estudo mostram que o valor dos empréstimos chineses aos países africanos, como Angola ou Etiópia, dois dos maiores recipientes, caiu para menos de 9 mil milhões de dólares, cerca de 7,6 mil milhões de euros, o que aconteceu pela primeira vez desde 2009.
A queda no financiamento indica que a China se tornou mais cautelosa sobre os empréstimos a esta região mesmo antes de a pandemia de covid-19 ter desequilibrado estas economias, que receberam mais de 153 mil milhões de dólares, ou 130 mil milhões de euros, em empréstimos desde o princípio do século, principalmente depois do aumento dos preços das matérias primas, em 2010.
O número de credores chineses em África aumentou de três nos primeiros anos do século para mais de 30 em 2019, com os empréstimos comerciais a um ritmo muito maior que o crédito oficial nos últimos anos, apontou o estudo, dando conta de uma primazia nas maiores economias africanas, como Egipto ou África do Sul, e de um afastamento dos países mais arriscados.
Ainda assim, “o financiamento chinês vai continuar a ser uma importante fonte para o financiamento de infraestruturas nos países africanos”, concluíram os investigadores.