Há novas tendências a perfilarem-se no horizonte do imobiliário – que resultam da forma como as pessoas estão a ajustar-se a esta nova estranha forma de vida –, algumas das quais são apontadas num dos mais recentes estudos da consultora Knight Frank, o Prime Global Forecast 2021. Uma das mais consolidadas, até porque assenta num movimento pré-pandemia, é o crescimento exponencial da comunidade de nómadas digitais: pessoas que circulam pelo mundo e que mantêm a ligação permanente com a empresa através de plataformas digitais.
O estudo dá o exemplo de locais como Dubai, Barbados ou Baamas que já criaram “short-term visas” (vistos temporários), para atrair estes profissionais de startups, um esforço para injectar algum dinamismo nas respectivas economias marcadas pela crise pandémica.
Outra tendência referida no estudo – que resultou de uma análise dos vários mercados onde a multinacional está presente – é o crescimento da importância dada aos investimentos imobiliários que respeitam questões éticas e ambientais, “temas colocados na agenda global pelo efeito da pandemia e da já presidência de Joe Biden”.
O teletrabalho imposto pela pandemia, e que terá efeitos duradouros mesmo quando esta estiver controlada, dará impulso a dois outros movimentos, preconiza a Knight Frank: as periferias vão ser reforçadas com mais comércio e outros equipamentos e muitos tenderão a procurar segundas habitações próximas do local de trabalho e, por conseguinte, da primeira residência, uma opção que se molda a eventuais restrições de circulação em caso de confinamento.
Oportunidades de nicho
Também em alta, devido à pandemia, vão estar os resorts que, nos últimos anos, viram “os seus preços ofuscados pela escalada de valores praticados nos centros das cidades desde a anterior crise financeira”. Diz o estudo que “os resorts, sejam estes de neve ou de praia, de Aspen a Cannes, têm assistido a um aumento da procura durante a pandemia”.
O turismo de saúde, as residências seniores ou o imobiliário de rendimento (o chamado Private Rented Sector, edifícios para o mercado de arrendamento de longa duração, geridos por entidades institucionais) estão na mira dos investidores imobiliários que já estão ativamente a procurar oportunidades.
O estudo termina deixando no ar não tanto uma tendência já em formação mas antes uma interrogação que é partilhada por países à escala global, Portugal incluído: “Irão os governantes aumentar os impostos sobre a propriedade num cenário pós-pandemia, de forma a repor a receita perdida durante estes dois anos em que a doença congelou o mundo, ou os impostos e as proibições definidos para os compradores estrangeiros serão eliminados para ajudar a atrair mais investimento estrangeiro? Os próximos meses vão definir a rota que os governos irão seguir.”