O arranque dos desembolsos por parte dos financiadores do projecto de gás natural na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está previsto para o próximo mês, anunciou esta quarta-feira a petrolífera Total.
“Este primeiro desembolso ocorrerá no início de Abril de 2021”, anunciou a empresa que lidera o consórcio Mozambique LNG num comunicado conjunto com o governo moçambicano.
O projecto é o maior investimento privado atualmente sob financiamento em África com um valor total a rondar os 20 mil milhões de euros e início de produção previsto para daqui a três anos.
A dívida contraída a 15 de Julho de 2020 com oito agências de crédito à exportação, 19 bancos comerciais e o Banco Africano de Desenvolvimento é de cerca de 14 mil milhões de euros.
O comunicado conjunto reitera que serão retomadas em breve as obras do complexo industrial na península de Afungi, tal como adiantado na quinta-feira à Lusa pelo ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Max Tonela.
Os trabalhos foram suspensos devido à proximidade de ataques de rebeldes armados no final de 2020.
“O Governo e a Total trabalharam em conjunto para definir e implementar um plano de acção com o objectivo de reforçar a segurança da área circundante ao local, incluindo aldeias vizinhas”, lê-se no documento.
As medidas preveem “um reforço das infraestruturas e do contingente de forças de segurança pública”, únicas responsáveis pelo controlo da zona.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico entre Junho de 2019 e Novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.