A pandemia foi uma sentença de ‘morte’ para muita da indústria da restauração em todo o mundo.
Com o novo normal a basear todos os processos de interacção entre as pessoas nos meios digitais, tendencialmente, muitos chefs de cozinha buscam soluções tecnológicas para não ficarem para trás. E hoje, muitos pratos são servidos nos ecrãs dos telemóveis dos amantes da culinária nas redes sociais. E os internautas estão cada vez mais cientes disso. Sem poder frequentar os restaurantes, têm-se refugiado na “cozinha virtual” durante este período de confinamento, reproduzindo as suas receitas favoritas disponibilizadas pelos chefs que passaram assim a professores.
O espanhol Ferran Adrià, chef do conceituado restaurante elBulli, afirma que se a pandemia é uma “tragédia” para os restaurantes, o confinamento serviu para reconectar as pessoas com a cozinha. E é esta oportunidade que ele explora para se manter no mercado. “Compartilho receitas on-line e tento ensinar as pessoas a se organizarem na cozinha”, disse aquele que é um dos maiores chefs do mundo.
Já o norte-americano Tom Colicchio, cujos quatro restaurantes em Nova Iorque se encontram actualmente encerrados, publicou um pequeno vídeo na rede social Instagram, demonstrando como estava a utilizar restos de couves assadas de Bruxelas e cenouras para fazer o almoço. Foi um sucesso.
O chef João Costa, de Portugal, decidiu tirar o maior partido do confinamento e, inspirando-se na gastronomia tradicional portuguesa, tem estado a criar pratos sem sal, sem corantes nem conservantes. Os seus posts são, a algum nível, destinados a inspirar um estilo muito mais saudável de confeccionar os alimentos com benefícios a longo prazo.
Outro exemplo é o da Chef americana Christina Tosi, proprietária do Milk Bar, que lançou um clube de pastelaria no Instagram Live e ensina alternativas para quem falhe um ou mais ingredientes, sem comprometer o resultado final. Se não tiver farinha pode moer aveia num liquidificador, o se faltar um rolo de massa, pode usar uma garrafa de vinho ou um rolo de espuma muscular.
O mesmo caminho é seguido por um casal de portugueses residentes em Nova Iorque. Frederico Ribeiro, co-proprietário da Té Company, uma loja de chá e restaurante West Village, com a sua esposa, Elena Liao, tem vindo a utilizar o Instagram Stories para documentar como comem em casa, numa série denominada “Chez Fred” na qual têm partilhado receitas simples, práticas e com ingredientes caseiros.
De um modo geral, os chefs têm inovado mostrando como os amantes da culinária podem usar ingredientes simples e de baixo custo para fazer pratos atraentes, saudáveis e num curto espaço de tempo.
E aproveitam para dar corpo a uma mudança social também nas cozinhas: se o público não pode ir aos restaurantes, estes levam a gastronomia até ao público.
O que virá a seguir?