O Banco Mundial considera que a economia moçambicana deve continuar em recessão este ano, caindo 0,8% do PIB, depois de no ano passado ter sofrido uma queda de 1,3%, recuperando fortemente apenas a partir do próximo ano. “A economia de Moçambique deve continuar a recuperar gradualmente, mas continua a haver riscos descendentes substanciais devido à incerteza sobre o rumo da pandemia de covid-19”, lê-se na mais recente análise do Banco Mundial à economia moçambicana, divulgada em Washington.
Nesta 6ª edição do World Bank Mozambique Economic Update: Setting the Stage for Recovery, aponta-se à pandemia que atingiu a economia de Moçambique, ao recuperar da crise da dívida e aos efeitos dos ciclones tropicais de 2019. Estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) real do país tenha diminuído 1,3% no ano passado, em comparação com uma estimativa pré-COVID-19 de 4,3%, à medida que a procura agregada caiu e as medidas de bloqueio necessárias para conter o vírus “perturbaram as cadeias de abastecimento”. No entanto, o relatório observa que as perdas de postos de trabalho e o encerramento de empresas, embora significativas, “foram comparativamente mais baixas do que nos países pares”.
“Apesar dos esforços concertados para conter a sua propagação e mitigar os seus efeitos, a COVID-19 continua a afectar negativamente as famílias e as empresas, atrasando o progresso do país em direcção aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, observou Idah Z. Pswarayi-Riddihough, Director do Banco Mundial para Moçambique, Madagáscar, Ilhas Maurícias, Seicheles, Comores. “Os pobres das zonas periurbanas, que estão em grande parte envolvidos no sector informal, estão entre os mais atingidos. Embora o impacto seja significativo em todos os sectores, as pequenas empresas são as mais afectadas, nomeadamente as da região norte”.
Forte crescimento só em 2022
“Apesar de a economia ter registado a primeira contração em 2020 em quase três décadas, o crescimento deverá recuperar a médio prazo, chegando a crescer 4% em 2022”, acrescenta-se no texto.
O relatório reconhece, de resto, que o governo tomou medidas sanitárias rápidas, consideradas em grande parte bem sucedidas durante a primeira vaga. Além disso, as autoridades “decretaram políticas fiscais e monetárias sólidas destinadas a proteger as empresas e os mais vulneráveis”. Entre estas, escreve-se, “o Banco de Moçambique decretou medidas de estímulo, incluindo a redução da taxa de política monetária e a adopção de políticas destinadas a assegurar a estabilidade do sector financeiro e outros apoios cruciais que incluíram linhas de crédito bonificado para aliviar as empresas de dificuldades financeiras. Foram também tomadas medidas pelos bancos comerciais para reestruturar os empréstimos existentes, alargando os prazos de vencimento e oferecendo períodos de carência sobre os princípios de empréstimo. Foram tomadas várias outras medidas fiscais para apoiar as pequenas empresas e negócios”.
No entanto, o relatório defende a necessidade de se avançar nas reformas estruturais, apontando que na fase de recuperação da pandemia, “as políticas focadas na transformação económica e criação de empregos, especialmente para os mais jovens, serão críticas”.
“De facto, o apoio contínuo às famílias e empresas viáveis continua a ser essencial para uma recuperação resiliente”, observa Fiseha Haile, Economista Sénior do Banco Mundial e principal autora do relatório, acrescentando que será “fundamental continuar a prestar apoio aos mais pobres e vulneráveis” através de programas de protecção social a curto prazo. “Mais apoio às empresas, condicionado à protecção dos empregos, poderia ajudar a minimizar os despedimentos e a perda de capacidade produtiva”, enunciou.