Há poucos lugares no mundo onde a presença portuguesa tenha sido tão intensa. A transferência da capital para Lourenço Marques (actual Maputo), em 1898, fez da ilha de Moçambique uma cápsula do tempo de um velho e assombroso mundo forjado entre a vibrante matriz suaíli e o arrebatamento colonial pelas riquezas do Índico.
A Ilha de Moçambique situa-se no litoral de Moçambique, na província de Nampula, localizada à uma latitude aproximada de 15º02’03” S e longitude de 40º44’09” E e 4 km da costa continental tem cerca de 3 km de comprimento por 200-500m de largura, a área classificada é de cerca de 1 km2.
O distrito da Ilha de Moçambique ocupa uma área de 245 km2 – que inclui as Ilhas de Goa, Cena ou das cobras, o mar e a Ilha Continental. A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes, a norte, a “Cidade de Pedra”, construída em pedra e cal e onde se encontram os principais monumentos e, a sul, a “Cidade Macuti”, material de construção tradicional feito com folhas de coqueiros.
Apresenta uma população estimada num total de 65.712 habitantes, de acordo com o Censo de 2017, sendo 34.239 mulheres e 31.473 homens, que a maior parte dos residentes vive da pesca, indústria salineira, turismo e de alguma actividade agrícola e de artesanato. A população actual é principalmente descendente de imigrantes bantus que ali chegaram no ano 200 a.c. A influência dos árabes que, ao longo de séculos, aportaram a Ilha é, ainda hoje, particularmente evidente no idioma local, o nahara.
A Ilha é constituída por oito bairros que, por sua vez, estão agrupados em dois conjuntos urbanos: a cidade Macuti, que integra os bairros Areal, Esteu, Litine, Macaribe, Marangonha, Quirahi e Unidade, e a pedra e cal representada pelo bairro de Museu.
A parte continental é formada por 25 bairros: 16 de Junho, Ampapa, Ampite, Chilapane, Entete, Filipe Samuel Magaia, Jewere, Jembesse, Macicate, Murromone, Nacoza, Nahavara, Namalunco, Namirotho, Namuitula, Natemba, Quissona, Sanculo, Sangane, Saua-Saua, Suio, Tibane1, Tibane2, Tocolo e Tocorone.
A Ilha de Moçambique adquiriu o estatuto de cidade em 1818 e foi capital de Moçambique até 1822 e a capital da África Oriental Portuguesa, só mais tarde a colónia adoptou a designação da Ilha até 1898, quando o assento do Governo-geral se deslocou para Lourenço Marques. Quando Vasco da Gama ali aportou, em 1498, a ilha estava subordinada ao sultão de Zanzibar e era utilizada pelos árabes no seu comércio com o Mar Vermelho, a Pérsia, a Índia e as ilhas do Índico.
Graças à sua situação geográfica estratégica, a cidade tornou-se um ponto de escala obrigatório das viagens de ida e volta dos navios da Carreira da Índia, entre Lisboa e Goa, e proveitoso entreposto comercial. O interesse revelado por outras potências europeias justificou a construção do seu vasto e valioso património arquitectónico.
Foi classificada pela UNESCO, em 1991, como Património Mundial da Humanidade. A cidade possui, entre outros monumentos de valor, a Capela de Nossa Senhora do Baluarte, datada de 1522, na extremidade norte da ilha (único exemplar de arquitectura manuelina em Moçambique), junto a Fortaleza de São Sebastião, a maior da África Austral, totalmente erigida, entre 1588 e 1620.