Se a ponta do ouro é, sem sombra de dúvidas, o cartão de visita turístico da província de Maputo – e um ponto incontornável para o turismo da região, que ganhou maior visibilidade com o projecto da Ponte Maputo- Katembe –, um outro, menos conhecido, mas com as qualidades certas para ser, também ele, um postal de Moçambique, é a Ilha de Inhaca.
Pequena em tamanho, mas grande em tudo o resto. Um lugar de encher a vista para quem pretende desfrutar de uma paisagem repleta de mais de 1 200 espécies marinhas.
Claro que, como quase tudo o que Moçambique tem de bom, há uns quantos senãos: Inhaca peca ainda por ser servida por apenas uma embarcação que faz ligações diárias (excepto às quintas-feiras), o que é claramente insuficiente para responder à procura turística e de lazer. O percurso até Inhaca, feito por via marítima, uma vez que não há caminho por asfalto até lá, é percorrido numa viagem atribulada (dependendo das marés) que se arrasta por duas horas e meia.
Claro que é uma viagem que vale a pena fazer, principalmente se for uma primeira vez. Para Pedro Pelali, um dos guias turísticos da ilha, o turismo sempre foi o motor da economia local, apesar de se retrair sempre que se verifica a avaria da única embarcação que opera.
Porém, durante o ano passado, a chegada de turistas a este lugar de ambiente calmo e de praias com águas cristalinas, tinha tendência a crescer porque “já existe uma embarcação que opera quase todos os dias”, revela o guia, para depois acrescentar que “são os turistas sul-africanos os que mais visitam a ilha”. Voltemos ao tamanho, que às vezes até importa.
A Inhaca é pequena em dimensão (42 quilómetros quadrados), mas tem uma grande diversidade natural. Olhando ao redor, os mangais recortam a paisagem, onde ao longe o Índico nos convida para um mergulho.
É um luxo sem preço caminhar até lá, passeando por uma reserva florestal e marinha que, pela sua diversidade, atrai um outro tipo de visitantes habituais: diferentes grupos de docentes e estudantes da Universidade Eduardo Mondlane fazem ali as suas pesquisas sobre a biologia marítima.
E não só moçambicanos, também encontrámos estudantes da Universidade sul-africana de Witwatersrand que vão à ilha para estudar a sua riqueza natural.
O resto não é paisagem
Na verdade, a Inhaca é um lugar com mais do que paisagem feita pela natureza e há diversos pontos que se tornam indispensáveis de explorar.
O farol, situado no cume do monte Inhaca, construído em 1894 para alertar o fluxo do tráfego marítimo dirigido ao Porto de Maputo, é um deles. A vista faz a escalada valer a pena.
Perto, a praia da Santa Maria é também outro ponto que merece a viagem. Pelas águas cristalinas e calmas que se miscigenam com a vegetação, num quadro exuberante em que sentimos o privilégio único, nos dias que correm, de inspirar um ar naturalmente puro.
A Ilha dos Portugueses, antes conhecida como a Ilha dos Elefantes, é outro lugar que quase todos os turistas que vão a Inhaca querem conhecer. Queira também.
Regressando à Inhaca, apesar de tudo o que é bom, sente-se no olhar que existe um enorme potencial ainda por explorar. Turístico e não só. É que o local peca ainda por não ter um número suficiente de estabelecimentos turísticos com padrões internacionais.
A maior parte dos lodges da Ilha são ainda de média dimensão e com uma qualidade mais… rústica. Nada contra. Mas a oferta é limitada face à potencial procura.
Depois de a ilha ter visto o Pestana Inhaca Lodge encerrar as portas, devido a questões financeiras, há mais de dois anos, os serviços de acomodação ficaram à mercê dos pequenos lodges que foram surgindo.
No entanto, há investimentos em curso. Ali bem perto, o grupo Visabeira (detentor do Indy Village e do Montebelo Girassol, em Maputo) está a construir uma nova unidade. E outras seguir-se-ão, porque a Ilha da Inhaca deixará sempre a vontade de regressar.
Roteiro
Como ir
A via marítima é a única existente para um percurso de 32 quilómetros, que leva quase duas horas e meia.
Onde comer
Pode optar pelos restaurantes Erica e Baía, com comida moçambicana e internacional, e com o preço médio de 800 Mzn.
Onde dormir
Pode optar pelo Zana Mar Lodge ou pelo Maurício Camp Lodge, pois são os espaços que oferecem melhores condições de hospedagem.
O que fazer
Ao chegar à Ilha da Inhaca dê um passeio de carro, com a ajuda de um guia turístico. Poderá mergulhar na praia da Santa Maria ou ir até à Ilha dos Portugueses. E, claro, não deixe de visitar o farol, pois não se vai arrepender.
Veja a seguir, a galeria de imagens…