A projecção diz respeito à próxima década, e avisa que o risco está relacionado com o incumprimento das metas climáticas de Paris, segundo a ONG Natural Resource Governance Institute (NRGI)
Em novo relatório denominado Risky Bet, a NRGI estima que as petrolíferas poderiam investir 1,9 biliões de dólares nos próximos dez anos, o que significa que um quinto desses investimentos seria inviável, a menos que o preço do petróleo ficasse acima de 40 dólares o barril.
Grandes empresas de petróleo como BP, Total e Royal Dutch Shell já reduziram progressivamente suas estimativas de preço de longo prazo, agora na faixa de 50 a 60 dólares o barril, enquanto alguns analistas veem níveis ainda mais baixos dependendo do cenário de transição energética.
O resultado pode piorar as desigualdades, pois os fundos que poderiam ter sido bem gastos em saúde, educação ou diversificação da economia podem, em vez disso, criar uma crise económica. Muitos dessas petrolíferas estão baseados em países onde 280 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
“Os gastos das petrolíferas são uma aposta altamente incerta”, disse David Manley, analista económico do NRGI e sublinha que: “eles podem pagar, ou podem abrir caminho para crises económicas em todo o mundo emergente e em desenvolvimento e precisam de resgates futuros que custam caro ao público.”
O relatório aponta que os produtores no Oriente Médio, como a Arábia Saudita, seriam menos afectados, pois seus níveis de equilíbrio são consideravelmente mais baixos, entretanto os países da África e da América Latina teriam mais problemas.
A dívida já é um problema para a Pemex do México, bem como para a Sonangol de Angola. Para agravar o problema está a visão expansionista de longa data em muitas petrolíferas, juntamente com a falta de transparência. Em média, apenas um dólar em cada quatro dólares de receita é devolvido aos cofres do governo, disse o relatório.
O SOCAR do Azerbaijão e o NNPC da Nigéria foram particularmente preocupantes, de acordo com o NRGI. Cerca de metade dos investimentos da NNPC em projectos de petróleo futuros podem se transformar em perdas se a transição energética global ocorrer rapidamente. Outros países onde os investimentos devem ser revisados incluem Argélia, China, Rússia, Índia, Moçambique, Venezuela, Colômbia e Suriname.