O mundo “precisa de acordar para os riscos mundiais existentes” e preparar-se não só para o imediato, mas para ameaças a longo prazo com impacto internacional, alertou esta terça-feira o presidente do Fórum Económico Mundial, Børge Brende.
Numa conferência de imprensa virtual para apresentar o relatório anual Global Risks Report, o político norueguês lembrou que o estudo tem vindo a alertar para os riscos de pandemias há 15 anos, desde a primeira edicção, em 2006.
O relatório “mostra que devemos prestar mais atenção a ângulos mortos, mas também riscos que temos vindo a mencionar, e construir resiliência. Vimos no ano passado que os riscos são globais e inter-relacionados. O ano passado mostrou que os riscos não estão limitados por fronteiras ou categorias. A covid não vê fronteiras. O mesmo acontece com as alterações climáticas”, vincou.
Doenças infecciosas e problemas de subsistência são as ameaças mais imediatas que inquietam líderes económicos e políticos, um resultado da pandemia covid-19, de acordo com relatório anual sobre riscos globais do Fórum Económico Mundial divulgado esta terça-feira.
Na edicção do ano passado, as guerras comerciais e a polarização política eram as principais preocupações destacadas, mas a crise mundial provocada pelo coronavírus aumentou a ansiedade com problemas como o desemprego e a saúde.
Não há vacina para isto, apenas as acções que podemos tomar agora para construir economias mais sustentáveis
Analisando as respostas de cerca de 800 empresários, políticos, activistas sociais e especialistas em várias áreas sobre as ameaças com maior probabilidade e impacto nos próximos 10 anos para o estudo de 2021, “o risco mais problemático que o mundo enfrenta ainda é as alterações climáticas”, vincou Saadia Zahidi, directora-geral do Fórum Económico Mundial.
“Não há vacina para isto, apenas as acções que podemos tomar agora para construir economias mais sustentáveis”, lembrou, durante a conferência de imprensa.
O relatório publicado pelo Fórum Económico Mundial é realizado em parceria com a consultora Marsh & McLennan Companies e a multinacional de seguros Zurich Insurance Group, que apontaram para as possíveis consequências da crise provocada pela pandemia do covid-19.
Carolina Klint, líder de Gestão de Risco na Europa da Marsh, referiu o risco de o apoio dado pelos governos apenas prolongar negócios sem futuro devido à mudança de circunstâncias, como os limites à circulação de recursos humanos e mercadorias.
“Os pacotes de estímulo mal direcionados correm o risco de aumentar a ‘zombificação’ de empresas, o que pode afectar a sustentabilidade da recuperação económica”, referiu.
Nos próximos cinco anos, 85 milhões de postos de trabalho poderão ser afectados pelo uso crescente de tecnologias e automação, mas a economia digital pode criar 100 milhões de empregos
Já Peter Giger, director de risco do grupo Zurich Insurance Group, mencionou os riscos e desigualdades que acompanham os benefícios da ‘quarta revolução’ acelerada pela pandemia, que provocou uma “expansão rápida do comércio eletrónico, ensino remoto, saúde digital e teletrabalho”, como a insegurança informática ou a desigualdade em termos de conhecimento digital.
Nos próximos cinco anos, 85 milhões de postos de trabalho poderão ser afectados pelo uso crescente de tecnologias e automação, mas a economia digital pode criar 100 milhões de empregos, estimou.
O Fórum Económico Mundial reúne todos os anos líderes políticos e responsáveis das empresas mais influentes do mundo num evento com palestras e debates em Davos, na Suíça, mas este ano vai decorrer ‘virtualmente’ entre os dias 25 e 29 de Janeiro.
Uma Cimeira Anual Especial para abordar a recuperação mundial da pandemia do covid-19 está programada para ter lugar em Singapura, entre 25 a 28 de Maio.