A província de Nampula precisa de 72 milhões de meticais para fazer face a eventuais estragos das chuvas nas vias de acesso, incluindo a sua monitoria sistemática. As acções estão viradas para a resposta a todos os cenários e visam assegurar a circulação de pessoas e bens, facilitando o acesso à população afectada o mais rápido possível.
O dado foi apresentado, há dias,pela delegação provincial da Administração Nacional de Estradas (ANE), durante um encontro sobre o plano de contingência face à época chuvosa e ciclónica 2020/2021.
O delegado da ANE António Notece explicou que a proposta do orçamento é resultado do trabalho feito com vista a melhorar a resposta à eventual situação de calamidades.
“Somos chamados a definir estratégias de prevenção e combate, assentes principalmente no fabrico e transporte de manilhas de betão e aprovisionamento e montagem de pontes metálicas, bem como a reposição imediata de plataformas de estradas, recorrendo a empreiteiros locais. Para fazer cobro a estes trabalhos, estima-se um valor na ordem de 71,7 milhões de meticais mais 330 mil para trabalhos de monitoria permanente e sistemática”, esclareceu.
Notece informou que o plano foi elaborado tendo como base elementos recolhidos nos distritos e harmonizados com os de outras entidades de interesse no assunto como o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e a Administração Regional de Águas do Norte (ARA-NORTE).
“Espera-se que o impacto incida principalmente no corte de algumas estradas, destruição de obras de arte, erosão, desmoronamentos de taludes, destruição de pontes ou aquedutos”, disse o delegado da ANE.
As estradas serão monitoradas através de empreiteiros com contratos bianuais das estradas asfaltadas
A ANE deu a conhecer que existem sete acampamentos distribuídos um pouco por toda a província, onde foram localizados os principais pontos de risco nas estradas consideradas propensas a cortes e inundações.
“Para outros pontos da província, as estradas serão monitoradas através de empreiteiros com contratos bianuais das estradas asfaltadas”, informou o delegado da ANE.
A fonte apontou a falta de fundos para viabilizar a reposição e a manutenção de infra-estruturas em algumas zonas da província.
“Faltam fundos para a reposição de algumas estruturas desabadas durante a passagem da depressão tropical em 2015 e do ciclone Kenneth em 2019, também para a manutenção de estradas tendo em conta os níveis de degradação e pontes metálicas para a reposição imediata em caso do seu desabamento”, concluiu.
Os administradores dos distritos de Eráti, Moma e Muecate questionaram a qualidade do trabalho dos empreiteiros que actuam nos respectivos espaços e ainda a passividade da fiscalização.
“A estrada atravessa o terreno sob nossa jurisdição, então será de todo o interesse que o administrador esteja envolvido em todo o processo para que, se necessário, possa questionar quer o empreiteiro quer o fiscal”, anotou Chale Ossufo, administrador do distrito de Moma, no litoral sul da província de Nampula.
Chale Ossufo fez referência ao trabalho que está a ser feito na principal via que liga Moma à capital provincial.
A província de Nampula possui uma rede viária de 6 305 quilómetros, sendo 4 013 estradas classificadas e as restantes 2 292 não classificadas
“Está a ser feito um trabalho vergonhoso e precário, numa via que é frequentada por camiões de 70 toneladas e, no fim do dia, quem responde por tudo é o administrador”, afirmou.
O trabalho de fiscalização das infra-estruturas públicas mereceu crítica do administrador do distrito de Eráti, Chale Momade.
“Não se sabe a quem serve a fiscalização. Para ultrapassarmos esta situação, precisamos de partir de algum ponto. No meu distrito o problema regista-se até mesmo na Estrada Nacional Número Um (EN1). Por outro lado, teremos obras em breve na estrada Namapa-Namarrói, o celeiro do nosso distrito, e esperamos que sejam obras de qualidade e que deixe confortados os cidadãos”, referiu.
Do distrito de Muecate, na zona intermédia da província, vieram reclamações quanto ao desempenho do empreiteiro.
“Os empreiteiros não estão subordinados aos administradores distritais”, afirmou Pedro Pascoal, secretário permanente.
“Queremos pedir à ANE no sentido de persuadir o empreiteiro para concluir o trabalho de forma correcta e consistente, pois caso chova teremos problemas, incluindo um corte iminente na ponte sobre o rio Muecate na vila-sede. Aliás, a vossa supervisão já deveria ter posto cobro à esta situação”, observou.
O governador da província de Nampula, Manuel Rodrigues, afirmou, neste encontro, que a transitabilidade das vias de acesso, principalmente as que ligam os centros de produção aos de consumo constitui prioridade.
“Pretendemos, por um lado, melhorar a qualidade de saúde e de vida da nossa população, provendo mais água e de qualidade, e reduzir a incidência de doenças, principalmente de origem hídrica, e, por outro, pretendemos assegurar o fluxo de produtos, bens e pessoas todo o ano, sem limitações decorrentes da intransitabilidade ou obstrução de uma via de acesso”, apontou.
A província de Nampula possui uma rede viária de 6 305 quilómetros, sendo 4 013 estradas classificadas e as restantes 2 292 não classificadas.