O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique defendeu nesta terça-feira que o país deve tornar sustentável a dívida pública, sem prejudicar o crescimento, apontando as receitas de gás natural como uma oportunidade para o controlo do endividamento.
O brasileiro Alexis Meyer-Cirkel classificou o actual volume da dívida pública de Moçambique como um desafio quando falava sobre “As Perspectivas Económicas Regionais para África Subsaariana”.
“A dívida tem de voltar a níveis sustentáveis sem prejudicar o crescimento”, sublinhou Alexis Meyer-Cirkel.
Os actuais encargos do Estado moçambicano com os credores retiram recursos necessários ao investimento na economia e nas áreas sociais.
“A estabilização da dívida nos próximos anos será bastante importante, temos de ter bastante cuidado com a dívida”, enfatizou o representante do FMI.
Alexis Meyer-Cirkel manifestou otimismo na inversão da actual trajectória de endividamento público de Moçambique com os avultados investimentos e receitas que serão geradas com a exploração de gás natural da bacia do Rovuma, norte do país.
Moçambique, continuou, acompanhou a queda das economias da África Subsaariana provocada pela pandemia de covid-19, mas escapou a uma recessão mais acentuada e poderá ser parte dos países que vão conhecer uma tendência de recuperação em 2021.
“Moçambique registou uma queda menos acentuada e a agricultura foi o motor dessa resiliência”, destacou Alexis Meyer-Cirkel.
O representante do FMI disse que o país perdeu dois anos de ganhos em termos de Produto Interno Bruto por pessoa (PIB per capita) contra uma média de cinco anos de PIB per capita perdidos pelos outros países da África Subsaariana.
Alexis Mayer-Cirkle apontou a diversificação da base produtiva, o investimento na educação e no capital humano e o fortalecimento das instituições como fundamentais para que a economia do país seja mais resiliente a choques.
No mês passado, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, disse no parlamento que a dívida pública de Moçambique ascende a 12 370 milhões de dólares.
Uma parcela de 16% daquele valor (cerca de 2000 milhões de dólares) é devida à China, acrescentou.
O orçamento rectificativo de 2020 baixou de 2,2% para 0,8% a previsão de crescimento para este ano.
Na semana passada, o gabinete de pesquisa económica do Standard Bank melhorou a previsão de evolução da economia de Moçambique, antecipando uma recessão de 0,9% em vez de 1,3%.
Agência Lusa