O governo do Zimbabué excluiu mais uma vez a adopção do dólar norte-americano como moeda padrão, justificando que não repetirá o seu erro do passado de abandonar a moeda local.
“Um dos maiores erros foi dolarizar a economia e retirar a própria moeda”, declarou o Secretário das Finanças, George Guvamatanga, aos líderes empresariais na capital, Harare. “Vamos construir esta economia com base no dólar do Zimbabué. A moeda local vai ancorar este orçamento”, acrescentou, citado pela Bloomberg.
O Ministro das Finanças, Mthuli Ncube, apresentou na semana passada um orçamento que visa gastar 421,6 mil milhões de dólares zimbabueanos (5,2 mil milhões de dólares) no próximo ano, com um défice de 4,9 mil milhões de dólares zimbabueanos. O governo prevê uma recuperação da economia e a sua expansão para 7,4% em 2021, após ter contraído 4,1% este ano.
O Zimbabué reintroduziu a sua própria moeda no ano passado, após um hiato de 10 anos causado pelo desmantelamento do dólar do Zimbabué em 2009, na sequência de um surto de hiperinflação. O país utilizou múltiplas moedas estrangeiras durante este período, tendo o dólar norte-americano como principal unidade de referência.
O Banco Central anunciou em Junho que irá introduzir um sistema de leilões de divisas, abandonando a paridade de 25 para o dólar norte-americano que foi introduzida três meses antes. A moeda caiu cerca de 70% antes de se estabilizar em pouco mais de 80 para cada dólar em Setembro.
A inflação atingiu um pico de 837,5% em Julho e abrandou para 471,3% no mês passado. O crescimento dos preços poderá abrandar para 9% no final de 2021 devido às medidas de estabilização cambial adoptadas pelo Banco Central, disse no início deste mês o seu Governador, John Mangudya.