Quatro anos depois de ter sido lançada e dois anos após ter chegado ao asteróide Bennu, a 333 milhões de quilómetros do planeta Terra, a sonda Osiris-Rex da NASA está preparada para o seu maior desafio esta terça-feira, dia 20 de Outubro. Serão dez segundos de suspense, numa missão TAG (“touch and go”, ou “toca e foge”, em tradução livre) durante a qual a sonda Osiris-Rex se irá aproximar do asteróide e, com um braço robótico, recolher material no seu solo para poder trazer de volta à Terra. Os materiais que compõem o asteróide estão avaliados em 571 milhões de dólares.
A sonda tem o tamanho de uma pequena carrinha de 15 lugares e o asteróide tem 490 metros de diâmetro – e viaja a cem mil quilómetros por hora, em constante rotação. Mas, ao contrário do esperado, a sua superfície não é arenosa. Pelo contrário, está cheia de obstáculos. E a Osiris-Rex terá apenas o equivalente a alguns lugares de estacionamento para a arriscada missão, cujo objectivo é dar mais informações sobre a origem do sistema solar.
Contacto de 5 a 10 Segundos
Lançada a 8 de Setembro de 2016, a sonda chegou ao destino a 3 de Dezembro de 2018. O asteróide Bennu tinha sido escolhido porque os investigadores da agência espacial norte-americana acreditavam, com base em observações por telescópio, que era coberto de areia, “como uma praia”, o que garantiria uma operação de amostragem sem muitos riscos.
No entanto, as imagens enviadas pela sonda ao aproximar-se do asteróide mostraram que, na realidade, estava coberto de rochas. “A superfície é áspera, íngreme e rochosa”, descreveu o cientista Dante Lauretta, da Universidade de Arizona, responsável pela missão.
Os investigadores passaram então o ano de 2019 a cartografar a superfície do asteróide para escolher o lugar mais seguro para a recolha de amostras de solo, optando finalmente pela cratera ‘Nightingale’, perto do pólo norte do asteróide.
A operação TAG consiste na aproximação da sonda de Bennu de forma lenta (a manobra deverá durar 22 minutos), com a Osirix-Rex a estender depois um braço de cerca de três metros para a recolha de amostras, tendo como alvo uma área de oito metros de diâmetro bastante plana e com quatro locais para pouso.
“Anos de preparação e de trabalho duro desta equipa vão resumir-se a este contacto com o solo durante cinco a dez segundos”, explicou Mike Moreau, chefe de projecto adjunto na NASA.
Distância de 333 Mihões de Quilómetros
Ao tocar no asteróide, o robô vai soprar nitrogénio comprimido para soltar o solo, com as amostras a serem recolhidas pelo braço da Osirix-Rex. O objectivo é colher uma amostra de pelo menos 60 gramas. O nitrogénio ajudará também a lançar a sonda de volta para uma órbita segura.
A operação é especialmente complicada porque os engenheiros não podem garantir uma precisão absoluta a 333 milhões de quilómetros de distância – qualquer sinal demora cerca de 18,5 minutos a chegar à Terra, o que impede que a sonda possa ser “pilotada” em tempo real. A sequência será feita automaticamente, com a Osirix-Rex a poder cancelar a operação caso se encontre em risco.
Se a missão fracassar, a NASA poderá realizar uma segunda tentativa em Janeiro de 2021 noutra cratera. Mas, se tudo correr como previsto, em Março de 2021 a sonda iniciará a viagem de regresso, lançando o contentor com as amostras de pára-quedas a 24 de Setembro de 2023, sob o deserto do Utah.
Transmissão ao Vivo das Operações
A NASA proporciona a transmissão ao vivo do evento TAG na terça-feira (20), às 19h:20 (horário de Maputo), numa emissão online que falará sobre a descida da nave, gerida pela Lockheed Martin Space, incluindo uma animação que mostrará as actividades da sonda em tempo real.
Essa animação começa com a rotação da espaçonave para que ela fique na posição de executar a manobra que vai tirá-la da órbita do asteróide, e continuará durante todos os processos antes e durante a colecta de materiais. Por fim, mostrará os movimentos da Osirix-Rex no momento em que ela deixar a superfície do Bennu.