A intenção da UE é de “encorajar e apoiar o desenvolvimento de uma abordagem integrada para lidar com a violência armada”. Terá a chamada “abordagem de três elos”.
A União Europeia (UE) defende uma abordagem alargada aos problemas de violência armada na província moçambicana de Cabo Delgado. O grupo já está a preparar um programa com “o objectivo de desencorajar o recrutamento e a radicalização, e que visa fomentar a coesão social”, disse à Lusa um porta-voz do corpo diplomático europeu.
O Serviço Europeu de Acção Externa apontou que o alto representante, Josep Borrell, respondeu na semana passada ao pedido de assistência que lhe foi dirigido em Setembro pelas autoridades moçambicanas, dando conta da intenção da UE de “encorajar e apoiar o desenvolvimento de uma abordagem integrada para lidar com a violência armada em Cabo Delgado”.
Essa abordagem, precisou esta quinta-feira (15.10) o porta-voz, terá em conta os aspectos humanitário, de desenvolvimento e de segurança, a chamada “abordagem de três elos”, e sempre “respeitando os padrões internacionais de direitos humanos e o Estado de Direito”.
Projectos com companhias de gás europeias
Lembrando que UE e Moçambique já abriram um diálogo político focado nessas três vertentes, que proporcionará “a oportunidade de discutir opções concretas de assistência”, o mesmo porta-voz sublinhou que já está em marcha assistência humanitária e a nível de cooperação ao desenvolvimento para a região de Cabo Delgado, com programas em curso que constituem “pilares importantes da resposta da União Europeia”.
“Entre as acções concretas em curso, há um programa com o objectivo de desencorajar o recrutamento e a radicalização, e que visa fomentar a coesão social”, apontou, acrescentando que “o apoio da UE também inclui projetos para a juventude e sociedade civil, para o reforço de capacidades e para a criação de emprego”.
A mesma fonte referiu ainda que “está também a ser preparado, com companhias de gás europeias, um projecto de educação e formação vocacional, para garantir que a população local beneficia do desenvolvimento do sector”.
O pedido de Moçambique
A 16 de Setembro, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, escreveu um ofício ao Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, pedindo apoio na logística e no treino especializado das forças governamentais para travar as incursões armadas de grupos classificados como terroristas em Cabo Delgado.
A resposta europeia chegou às mãos das autoridades moçambicanas a 9 de Outubro, através do embaixador da UE em Maputo, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, na qual Josep Borrell confirmou que o bloco europeu vai ajudar o país a fazer face à crise na região de Cabo Delgado.
Antonio Sánchez-Benedito Gaspar explicou na ocasião que a ideia é fortalecer as capacidades de resposta de Moçambique, esclarecendo, no entanto, que “não está na agenda a vinda de militares europeus ao país”.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas.
A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 250 mil deslocados internos.