O administrador do Banco de Moçambique Jamal Omar disse esta sexta-feira num encontro dos banqueiros centrais lusófonos que as previsões macroeconómicas mais recentes apontam para uma recessão económica este ano, entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Os desenvolvimentos mais recentes indicam que os 2,2% de crescimento económico para este ano estimados em Abril podem não ocorrer porque no segundo trimestre, na sequência de todo o processo de confinamento, tivemos um crescimento negativo de 3,3%, algo que nunca tínhamos visto na história recente do país”, disse o administrador do Banco de Moçambique na intervenção na sessão inicial dos XXX Encontros de Lisboa entre os governadores dos países de língua portuguesa, que decorreu esta sexta-feira em formato virtual.
“Há a indicação de que isto [o crescimento negativo] pode continuar no terceiro e quarto trimestres, embora em magnitudes inferiores, o que a acontecer, significa que provavelmente podemos terminar o ano com uma contracção do PIB na ordem de 0,5% a 1%”, apontou o administrador do banco central.
As novas estimativas confirmam a degradação da actividade económica em Moçambique face ao início da pandemia, quando a generalidade das instituições financeiras internacionais e consultoras anteviam que Moçambique seria uma excepção no panorama de recessão que atravessa a África subsaariana em geral, e a África Austral, em particular.
“Olhando para o que era a visão de quase todo o mundo no primeiro trimestre deste ano, havia boas perspectivas para Moçambique, porque estávamos com uma economia mais debilitada comparativamente a outras, devido à catástrofe dos ciclones de 2019, e havia todo um esforço que estava a ser feito, com desembolsos internacionais, e antevíamos um ano de esperança e recuperação económica”, lembrou Jamal Omar.
Abordando várias preocupações trazidas pela pandemia de covid-19 neste país lusófono africano, o banqueiro central disse que há “perspectivas muito negativas em relação à dívida” e ao crédito malparado, apontando ainda “a insegurança militar, que acaba desaguando na economia através da retracção dos investimentos”, mas sem prejudicar o cronograma dos grandes investimentos no norte do país, que continua a ser cumprido.
Agência Lusa
































































