Moçambique vai terminar o ano fiscal de 2020 com um crescimento de 0,8%, margem muito abaixo das previsões do Governo para este exercício, que rondavam os 4% de crescimento.
O efeito (quase) fatal da pandemia demonstra-se pelo que a economia nacional perdeu no só no primeiro semestre deste ano: 26 mil milhões de meticais em receitas, ao que se somarão os incalculáveis(ainda) impactos da instabilidade militar no centro e norte do país.
Para suprir esta brutal quebra de receitas, o Governo vai, por isso, submeter, na próxima quinta-feira à Assembleia da República, a solicitação da rectificação do Orçamento do Estado (OE) onde, uma das grandes novidades será a integração nas contas do Estado dos apoios externos que o país recebeu para suprir o défice provocado pela resposta à covid-19.
Foi o próprio ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleian, que o revelou, frisando que as alterações que foram acontecendo em relação aos valores do crescimento económico também fundamentam a necessidade de um orçamento rectificativo.
O OE de 2020 havia projectado um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4%, mas essa cifra foi revista em baixa para 2,5% no documento final aprovado pela Assembleia da República – sendo que a última revisão aponta agora para um crescimento entre os 0,8% e uma mais pessimista (ou realista?) quebra do crescimento global da economia moçambicana em 1,2%.
Na mais recente avaliação do desempenho económico do país apresentada na passada segunda feira aos deputados da Comissão do Plano e Orçamento, da Assembleia da República, o ministro da Economia e Finanças lembrou ainda que o OE 2020 previa a arrecadação de receitas na ordem de 335 mil milhões de meticais que ficou bem distante de ser atingido, mesmo com a entrada de ajuda financeira de 23 mil milhões de meticais canalizada pelos parceiros de cooperação internacional, no âmbito da mitigação dos efeitos da pandemia do novo Coronavírus no sector social e económico.
A economia de Moçambique contraiu 3,25% no segundo trimestre face ao mesmo período do ano passado, tendo piorado o crescimento de 1,68% registado no primeiro trimestre, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). O desempenho negativo da actividade económica no segundo trimestre de 2020 é atribuído em primeiro lugar ao setor terciário que decresceu em 4,06%, com maior destaque para o ramo de Hotelaria e Restauração com uma variação de menos 35,84%”, lê-se na nota disponível no site do INE moçambicano.
Recorde-se que a previsão de crescimento inicial do PIB inscrita no OE para 2020 era de 4,0% este ano e de 4,9% em 2021.