“Imagine um mundo em que não necessita de recarregar o seu telemóvel todos os dias. Seria interessante, não? Agora imagine um mundo em que não precisa de o fazer durante dias, semanas, meses…. Ainda melhor, certo? E se isso fôr possível durante décadas? Ou nunca? É o que vai poder acontecer com a tecnologia que estamos a desenvolver….” afirmou Neel Naicker, da start-up norte-americana NDB/Nano Diamond Battery, no final do passado mês de Agosto, à revista New Atlas.
Esta possibilidade, que ainda há pouco tempo parecia remota, está agora mais perto de se tornar realidade: a NDB prevê que dentro de dois anos as primeiras baterias de diamente nuclear ou nano-baterias de diamantes (como são designadas) poderão chegar a mercado, até porque os testes realizados recentemente no Lawrence Livermore National Laboratory (na Califórnia) foram positivos e mostraram a eficácia e viabilidade deste novo tipo de baterias.
A NDB não é a única empresa a trabalhar neste domínio. Também a Arkenlight, por exemplo, que foi criada pelos professores Tom Scott e Neil Fox, acreditam que em 2024 deverá ser possível colocar no mercado as primeiras baterias de diamante nuclear.
A ideia para o desenvolvimento deste tipo de baterias surgiu em 2016 na Universidade de Bristol, no Reino Unido. Os cientistas apresentaram uma proposta duma bateria que duraria 5 730 anos até atingir 50% de carga, sendo constituída pelo isótopo radioactivo carbono 14, processado a partir do lixo nuclear da Central de Berkeley, em Gloucestershire. Na altura, poucos acreditaram na viabilidade do projecto, até porque o carbono 14 teria de ser comprimido até se transformar num diamante artificial (radioactivo), processo que necessitaria de uma pressão superior a 50 toneladas por cm2, a uma temperatura de 1 200ºC.
Como se tudo isto não fosse já suficientemente complexo, esse diamante radioactivo de carbono 14 teria depois de ser envolvido por uma camada de diamante artificial, este já não radioactivo, de forma impedir a fuga da radioactividade.
No entanto, a partir de 2018, a investigação dos cientistas ganhou novo ímpeto pois os investigadores conseguiram demonstrar a viabilidade do projecto e, sobretudo, tornar claro que estas baterias, dado o processo que entretanto desenvolveram, não teriam, apesar de serem elaboradas a partir de lixo nuclear, qualquer perigosidade.
De acordo com Nima Golsharifi, CEO da NDB, num equipamento de baixo consumo – como um comando de televisão ou um sensor de incêndio – as baterias desenvolvidas pela sua empresa podem ter uma durabilidade de 28 mil anos. Num automóvel eléctrico as baterias poderão funcionar durante 90 anos, sem nunca necessitarem de ser recarregadas. Em relação à capacidade de alimentar motores mais potentes como nos automóveis, as baterias da NDB são igualmente superiores às melhores baterias convencionais de iões de lítio, sublinha o CEO, admitindo que os seus acumuladores são também mais seguros em caso de acidente violento, dada a resistência do diamante.