Uma rede de laboratórios vai acelerar a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2, vírus causador do Covid-19, além de estudar vacinas e tratamentos adaptados aos africanos. O anúncio foi feito pela OMS e o África CDC.
Doze laboratórios especializados e regionais de referência irão integrar a rede que fornecerá serviços de sequenciação do coronavírus da síndrome respiratória aguda severa 2 (SARS-CoV-2), análise de dados e outros serviços de apoio técnico aos países africanos.
“Enquanto continuamos a enfrentar a pandemia do covid-19 em África, ser capaz não só de acompanhar a sua evolução, mas também de avaliar a possível mutação do vírus é crucial para uma resposta eficaz”, disse esta quinta-feira (10.09) Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África.
Apesar de a nova rede laboratorial ser dedicada à sequenciação do genoma do vírus do covid-19, a responsável da OMS destacou também o seu papel no desenvolvimento de vacinas e tratamentos adaptados aos africanos.
A criação da rede de sequenciamento Covid-19 ajudará a melhorar a vigilância no continente e os países a gerirem e a controlarem eficazmente a pandemia
De acordo com a OMS, a sequenciação em curso está já a fornecer “informação crucial” para determinar o tipo de SARS-CoV-2 que circula nalguns países, tendo demonstrado que a maioria dos genomas que circulam em África são atribuídos à estirpe que emergiu da epidemia na Europa.
Origem do vírus em África
Dados já conhecidos indicam que, em África, foram identificadas dez estirpes do vírus, tendo sido produzidas mais de 80 mil sequências a nível mundial.
O agrupamento de vírus de diferentes países na mesma estirpe ou sub-estirpe indica uma ligação ou importação de vírus entre países.
Países como a República Democrática do Congo (RDC) e a África do Sul estão a sofrer uma transmissão localizada, enquanto que na RDCongo há também importação de casos do Gana, Marrocos e Senegal, adianta a OMS.
Maior controlo da pandemia
“A criação da rede de sequenciamento Covid-19 ajudará a melhorar a vigilância no continente e os países a gerirem e a controlarem eficazmente a pandemia”, defendeu, por seu lado, o director do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC), Jonh Nkegasong.
“Dado que a curva pandémica do Covid-19 se achata em África, temos de estar preparados para um possível ressurgimento, como já foi observado em alguns países. Com a sequenciação genómica podemos ter uma melhor compreensão da pandemia através de uma identificação mais precisa dos focos de transmissão”, acrescentou.
A OMS e o África CDC estão a fornecer aos países africanos equipamento de sequenciação, reagentes e apoio técnico para acelerar a sequenciação do SARS-CoV-2 em África.
Neste contexto, foram já geradas 2 016 sequências de 18 países – Argélia, República do Benim, Camarões, República Democrática do Congo, Egipto, Gâmbia, Gana, Quénia, Madagáscar, Mali, Marrocos, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, África do Sul, Tunísia, Uganda e Zâmbia.
África registou desde o início da pandemia um total de 1 321 736 casos de Covid-19, que causaram 31 902 mortes no continente, segundo o África CDC. Mais de um milhão de doentes recuperaram da doença.
Agência Lusa