Uma ilusão tangível em espaços reais parece que ganha uma nova dimensão em habitações e instituições, por via da criatividade de um grupo de jovens que descobriu na arte do design tridimensional uma solução para o desemprego.
A pro-lar 3d é uma empresa singular. Gerida por um grupo de jovens moçambicanos, dedica-se à decoração de interiores (casas, escritórios, restaurantes ou hotéis constam do seu portefólio de clientes), através da pintura em três dimensões. Fundada em 2018, por Nelson Massingue, a ideia é simples, se bem que de execução complexa: tornar real ao olho humano um ambiente gravado numa parede.
“O nosso propósito inicial era dar uma ideia de espaço, profundidade e luxo em habitações de pessoas sem grandes posses”, conta o fundador da empresa.
Os desenhos são baseados em técnicas de ilusão de óptica, feitos com tinta lavável e aplicados nas mais diversas superfícies, explica Massingue. “Apesar de as aplicações serem feitas, na maioria das vezes, em paredes, também decoramos outras superfícies de gesso, carros e até sanitas, imagina. Podemos fazer isto em qualquer objecto que o cliente pretenda”, diz.
Com apenas o nível médio de ensino concluído, Nelson Massingue considera que a arte de desenhar é uma habilidade inata que lhe foi dada “por Deus”, exclama, enquanto recorda a descoberta do prazer do desenho, feita ainda em tenra idade.
Foi, por isso mesmo, desde bem cedo, solicitado para decorar fachadas de pequenos bares e barracas de venda de diversos produtos.
Dei-lhes a mão. E agora somos 11, mas ainda preciso de mais. Requisitos? (sorri) Basta a vontade de trabalhar, aprender e dedicação porque na vida só se aprende fazendo
Com a evolução das plataformas digitais, Nelson, o caso provado de alguém que aprendeu à custa da sua própria vontade, pôde aprimorar as técnicas e tornar-se, segundo ele mesmo, no primeiro a implementar tal ideia em Moçambique. “Este tipo de pintura resiste por muito mais tempo do que o papel-parede que muitas vezes as pessoas utilizam para revestir as suas casas. E é, como se pode ver, inovador”, revela, sem esconder o orgulho.
No espaço entre o talento natural e a prática concreta de uma actividade profissional, foi a demanda que lhe mostrou o seu lugar no mercado há pouco mais de um ano. Já com esse propósito optou por “recrutar” jovens desempregados.
“Dei-lhes a mão. E agora somos 11, mas ainda preciso de mais. Requisitos? (sorri) Basta a vontade de trabalhar, aprender e dedicação porque na vida só se aprende fazendo”.
Apesar de a Pro-lar 3D actuar num nicho bastante específico onde os serviços muitas vezes são solicitados quando existe uma “folga financeira”, há já um crescimento assinalável. “A facturação é algo difícil de dizer porque não funcionamos de forma linear, depende dos trabalhos que apareçam, mas temos estado a crescer regularmente e a nossa média mensal é dez encomendas de trabalhos por mês”, revela.
Hoje, os trabalhos da Pro-lar 3D podem ser encontrados em oito províncias do País, sendo que, maioritariamente, as solicitações surgem das grandes cidades, como Maputo, Matola, Beira ou Nampula. Fora do País, já houve trabalhos realizados na África do Sul, Zimbabué e Maláui. E não pára por aí. Recentemente, conta, houve duas solicitações – ainda pendentes – para Portugal e outra para o Brasil, havendo, entretanto, uma confirmada para as Honduras, que ficou suspensa e adiada para uma fase pós Covid-19.
No imediato, um dos planos estratégicos para levar a Pro-lar 3D a outras dimensões de negócio passa por organizar o seu portefólio de trabalhos em plataformas digitais de modo a que chegue a vários cantos do mundo, com aquele detalhe de Moçambique.
Revista Economia e Mercado