Pouco menos de metade dos angolanos diz sentir-se livre de expressar as suas ideias, de acordo com dados do primeiro inquérito do Afrobarometer em Angola. É em Luanda onde se observa o maior predomínio do sentimento de falta de liberdade de expressão.
Enquanto a maioria dos cidadãos revelou sentir-se de “alguma forma livre” para aderir um partido político e votar no candidato ou partido político da sua preferência, mais de metade afirmou que as pessoas precisam ser cautelosas quando falam sobre política.
O estudo indica que pouco menos de metade dos angolanos (48%) sente-se “um pouco livre” ou “completamente livre” de expressar as suas ideias. Em termos sócio-demográficos, os angolanos mais velhos, com idades entre 56 e 65, sentem-se mais livres para exprimir as suas ideias.
Em termos regionais, os indivíduos da Zona Norte são os que mais se sentem “com liberdade de expressão” (52%), ao passo que a Província de Luanda, capital do país, é onde se observa o maior predomínio do sentimento de falta de liberdade de expressão (51%).
Contudo, a maioria dos angolanos afirmou sentir-se “um pouco livre” ou “completamente livre” para aderir um partido político (58%) e para votar no candidato ou partido político da sua preferência sem pressão (64%).
Mais de metade (52%) dos angolanos disse que as pessoas “frequentemente” ou “sempre” precisam ter cautela quando falarem sobre política.
A Freedom House continua a considerar Angola como um país “não livre” no ranking sobre a liberdade no mundo em 2020. Embora reconheça a existência de maior abertura para o exercício das liberdades de imprensa e de associação para as organizações da sociedade civil, desde a chegada de João Lourenço ao poder em 2017, comparativamente aos 38 anos de poder de José Eduardo dos Santos, ainda persiste um ambiente de auto-censura.