No seu mais recente Boletim Económico, o Moza Banco, através do seu Gabinete de Estudos Económicos, refere que a moeda nacional se poderá desvalorizar para valores em torno de 75 meticais por dólar, até finais deste ano.
Com as grandes exportadoras a reduzir ou suspender a sua produção, o nível de exportações do país tem vindo a baixar consideravelmente, o que está a motivar a queda do valor da moeda moçambicana.
Segundo o estudo realizado em Junho pelo Moza Banco, “a moeda nacional já observou uma perda de cerca de 14% contra o dólar norte-americano em termos acumulados, sendo expectável que o câmbio ascenda aos USD/MZN 76 até ao quarto trimestre”.
De acordo com o documento que temos vindo a citar, este cenário será motivado, em parte, pelo desconfinamento gradual da economia, que poderá, claramente, fazer com que o país retome as exportações. Entretanto, como os produtos que Moçambique exporta poderão ainda não estar disponíveis, haverá esta derrapagem do metical.
Já que 2020 fica marcado pela redução de quase todas as receitas da economia, o que impacta directamente nas metas fiscais do Estado, pelo facto de haver baixa produção e menos vendas, as empresas poderão pagar menos taxas.
É expectável que a redução das receitas fiscais em 2020, provocada pela interrupção transversal da actividade económica no país, aumente a propensão de o Governo recorrer à emissão de títulos de dívida através da bolsa nacional, de modo a fazer face às despesas e investimentos inerentes à gestão pública
Neste contexto, o Moza Banco diz que uma das saídas que o Governo terá para contornar esta queda das receitas será a emissão de títulos de dívida, o que deverá ser feito através da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM).
“É expectável que a redução das receitas fiscais em 2020, provocada pela interrupção transversal da actividade económica no país, aumente a propensão de o Governo recorrer à emissão de títulos de dívida através da bolsa nacional, de modo a fazer face às despesas e investimentos inerentes à gestão pública. O aumento do sentimento de aversão à transformação de recursos por parte do sistema financeiro nacional durante o estado de excepção tem proporcionado aforro oportuno para a realização destes investimentos”, refere o banco no seu estudo realizado no mês de Junho.
Na verdade, este facto pode constituir elemento galvanizador para o mercado de capitais moçambicano, já que poderá aumentar o seu volume de transacções na sua bolsa de negócios. E isso vai acontecer numa altura em que a BVM teve a sua capitalização reduzida em 1,6% no mês de Junho, devido, segundo o Moza Banco, ao vencimento de obrigações de tesouro e redução das cotações accionistas da Cervejas de Moçambique (CDM) e Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH).