À crise sanitária e económica, junta-se agora uma nova emergência global: de acordo com o MBZ Conservation Fund, quase um terço dos profissionais dedicados à conservação do planeta teme que a pandemia impulsione as ameaças a espécies e habitats. Entre as principais preocupações está o aumento da caça furtiva, considerando a presença reduzida das autoridades e de turistas. Além disso, as comunidades locais mais vulneráveis poderão recorrer à caça para garantir a sua sobrevivência.
O número é apontado pelo The Independent, cuja accionista Evgeny Lebedev lançou uma campanha de sensibilização sob o mote “Stop The Illegal Wildlife Trade”. O objectivo é apelar a uma colaboração internacional no sentido de pôr fim ao comércio ilegal de animais selvagens, considerado um dos principais perigos para o futuro da biodiversidade.
De acordo com a mesma publicação, pelo menos quatro tigres e seis leopardos foram mortos desde que o confinamento teve início na Índia. No Uganda, o gorila Rafiki acabou também por perder a vida quando caçadores procuravam outros animais mais pequenos.
Mas há outras espécies em perigo, incluindo as girafas, por exemplo. Esta espécie é alvo de uma extinção silenciosa que a pandemia poderá acelerar. Também no Uganda, foram encontradas mortas sete girafas em apenas alguns dias, segundo a Uganda Conservation Foundation. No total, a população de girafas decresceu 40% ao longo das últimas três décadas, fazendo com que haja apenas cerca de 68 mil nos seus habitats naturais (excluindo jardins zoológicos).
«Sabemos que a caça furtiva ilegal está a acontecer em algumas áreas mais do que noutras e que algumas espécies de girafas estão particularmente em risco», adianta David O’Connor, presidente da Save Giraffes Now.
Os elefantes são outros dos animais em risco. Só no passado mês de Junho, seis elefantes foram mortos no mesmo dia, no Mago National Park da Etiópia, o que compara com o total de 10 elefantes mortos em toda a África Oriental em 2019. Neste momento, haverá aproximadamente 415 mil animais deste tipo em no continente, juntando-se ainda menos de 50 mil na Ásia.
Embora se registem alguns passos positivos no sentido de proteger a espécie, nomeadamente o fortalecimento das leis contra a caça furtiva e a proibição da venda de marfim na China, a pandemia poderá destruir as conquistas: «Existe um aumento de actividade ilegal em áreas protegidas», refere Max Graham, fundador da Space for Giants.