AMatola Gas Company (MGC), em parceria com a Total, anunciou a construção de um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) no porto da Matola, um investimento de 300 milhões de dólares que surge para reforçar a capacidade de consumo e armazenamento a nível interno, promover a exportação e precaver uma possível quebra que se espera na produção de gás dos campos de gás onshore de Pande e Temane, na província de Inhambane, explorados pela Sasol.
A construção do terminal é anunciada como “destinando-se a assegurar o fornecimento ininterrupto de gás a mais de 30 indústrias na área metropolitana da capital”, e aponta, no futuro, para exportação para os países da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).
Inicialmente (até 2024), o terminal irá ser abastecido via mercado internacional, mas mais tarde será dedicado às reservas da Bacia do Rovuma onde, como se sabe, a Total é o operador principal da Área 1, que terá, também, uma unidade de liquefacção a ser construída na península de Afungi, no distrito de Palma.
O GNL da Bacia do Rovuma irá ainda substituir, a médio prazo, o gás de Pande e Temane, que entrará em declínio a partir de 2024, à medida que as reservas forem sendo gradualmente esgotadas. O director executivo do MGC, empresa moçambicana que se dedica ao transporte, distribuição e comercialização de gás natural produzido em Moçambique, Bruno Morgado, afirma que “o gás de Pande e Temane chegará ao fim, devendo ser substituído pela procura de outras fontes. É por isso que vamos avançar com a construção de um terminal de GNL. Temos de encontrar uma solução para que possamos continuar a fornecer gás às indústrias e às centrais eléctricas na região sul do país”, dizia, à agência de notícias AIM.
A construção do terminal deverá começar no primeiro trimestre de 2021, com um investimento de 300 milhões de dólares, numa iniciativa que se justifica como um movimento de antecipação estratégico no mercado regional. “Se não construirmos um terminal de importação de GNL, a África do Sul poderá avançar antes de nós o que poderá ser desastroso para a economia, e para a viabilidade das empresas no sector da energia e de todos os outros sectores de activiadse”.
Este é visto como forma de utilizar o gás da Bacia do Rovuma em benefício da sua própria economia e abrir o caminho para a construção de terminais noutros pontos do país. Quanto a uma anunciada construção de um gasoduto norte-sul, como solução viável para a distribuição do gás da Bacia do Rovuma dentro do país e para outros membros da SADC, o responsável não é conclusivo, mas também não fecha a porta a tal investimento no futuro. “Para tirar a maior vantagem de toda esta cadeia de valor, deve ser criado um mercado em grande escala para o gás a nível interno, com consumo suficiente para justificar um gasoduto norte-sul”, assinala.
“Só se tornarmos estes projectos viáveis é que vamos rentabilizar plenamente o gás natural. Em vez de ser totalmente expedido para os mercados ocidental e asiático, pode ser utilizado no país, acrescentando valor a um recurso nacional. Com estas facilidades, poderemos exportar para a África do Sul e para a região da SADC”, aproximando Moçambique de se tornar o tal “centro energético”, cimentando uma posição estratégica na região.