Os rankings mundiais de capitalização de mercado sofreram mudanças ‘esmagadoras’ devido à pandemia do novo coronavírus, uma vez que as empresas com maior capacidade de adaptação estão a conseguir multiplicar os seus resultados, ganhando o máximo num cenário económico difícil.
Um dos melhores exemplos desta reviravolta nos mercados em tempos de pandemia, está em Singapura. A Sea, empresa de tecnologia da informação cotada na Bolsa de Valores de Nova York, viu as acções subirem três vezes este ano. O seu valor de mercado ultrapassa agora os 57 mil milhões de dólares, o que a torna a maior empresa do Sudeste Asiático (maior do que o Bank Asia Central da Indonésia).
Os negócios da Sea assemelham-se aos da Tencent Holdings na China, já que fornece jogos, comércio electrónico e pagamentos online – áreas em crescimento à medida que a pandemia continua e que fizeram com que empresas de gestão de activos dos EUA, como Fidelity e Capital, tenham decidido investir nesta empresa.
Outro exemplo é a Tesla, cujo valor de mercado ultrapassou recentemente o da Toyota Motor e continua a ter uma ascensão diária em bolsa. A empresa americana está a arrecadar lucros consistentes e é considerada uma das poucas fábricas automóveis que podem prosperar num sector tão enfraquecido como está o seu.
Os analistas sublinham que este movimento é o expectável sempre os mercados de acções se tornam voláteis, levando a que os investidores alterem as suas carteiras de activos e os fluxos de investimento se tornem mais especulativos, o que naturalmente vai agitar os rankings
Mas outras indústrias estão a passar por transformações semelhantes. A 8 de Julho, o valor de mercado da Nvidia eclipsou a Intel devido ao desempenho dos data centers – um mercado de primeira linha da Nvidia – que viu as actividades aumentarem enquanto a economia global corria em direcção à digitalização completa.
No sector dos alimentos e bebidas, o destilador chinês Kweichow Moutai está focado nos consumidores sofisticados com novos produtos e está cada vez mais próxima da líder de mercado Nestlé.
Segundo uma análise do Nikkei, principal índice da Bolsa de Valores de Tóquio, esta mudança no ranking de capitalização de mercado já terá envolvido cerca de 1000 principais empresas. Em Junho, a mudança, em média, nas classificações em comparação com os seis meses anteriores foi a maior desde Dezembro de 2008.
Os analistas sublinham que este movimento é o expectável sempre os mercados de acções se tornam voláteis, levando a que os investidores alterem as suas carteiras de activos e os fluxos de investimento se tornem mais especulativos, o que naturalmente vai agitar os rankings.
Os mais recentes fluxos de investimento sugerem que a pandemia está a acelerar a digitalização e a descarbonização
Os mais recentes fluxos de investimento sugerem que a pandemia está a acelerar a digitalização e a descarbonização. Na primeira metade do ano, o número de empresas entre as mil principais do sector de energia e materiais diminuiu para 114. Por outro lado, o sector de TI e telecomunicações registou um aumento para 138 empresas.
Nestes movimentos, a Shopify de comércio electrónico do Canadá ficou em 83.º lugar, subindo rapidamente do 306.º lugar em Dezembro de 2019. E na China, a Meituan Dianping, fornecedora de serviços de entrega e viagens de alimentos, emergiu como uma empresa de TI promissora, com seu valor de mercado próximo ao da Alibaba.
A companhia petrolífera anglo-holandesa Royal Dutch Shell decidiu amortizar 22 mil milhões de dólares ao chegar ao 75.º lugar depois de ter saído do Top 10 há apenas alguns anos. A empresa está a lutar num mundo onde a descarbonização se está a tornar o ‘novo normal’.
Por outro lado, a Nikola, uma empresa americana de camiões com células a combustível, agora possui um valor de mercado de cerca de 20 mil milhões, de dólares apesar de não ter vendido um único camião.