OCentro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA) anunciou, esta terça-feira, em sessão online no seu facebook, o vencedor da 4.ª edição do concurso de Melhor Curta-Metragem, e o prémio foi para Jared Nota que concorreu com o filme “Ontogénesis”.
O filme é uma curta-metragem, que se encaixa no que o realizador considera de género “Psychological Thriller”, e se foca em uma fotojornalista que investiga uma empresa acusada de despejar resíduos tóxicos no mar. Curioso é que o título “Ontogénesis” significa “ciclo da vida” e tenta alertar às pessoas sobre a ideia de que quanto mais se destrói e polui o planeta, mais hostil o mesmo se torna, o que, na verdade, é um perigo para a humanidade.
“A ideia do ciclo da vida, a característica resiliente da natureza, foi base para a história do filme, pois a Khensa, a personagem principal, é uma fotojornalista que jamais desiste. Por isso o filme é um círculo (loop) onde ela investiga, o perigo aparece, o alter-ego dela grita para que ela fuja e salve-se, ela foge, mas a sua consciência sempre a traz para a posição da procura da verdade”, explica Jared Nota.
Logo no princípio do filme, cuja rodagem foi feita à noite, na marginal da cidade de Maputo, pode-se ver Khensa a pedalar uma bicicleta rumo ao local do crime. Receosa, mas igualmente audaz: “preferi que ela usasse uma bicicleta para mostrar a sua natureza ambientalista, mas também porque as rodas das bicicletas representam a ‘Ontogéneses’”.
Nota diz que fez o filme com muito amor e, por isso, espera que as pessoas sintam o que ele sentiu quando o estava a conceber, na sua plenitude, intrinsecamente.
Ora, porque nestas coisas de cinema nada é fácil, Jared Nota assume que fazer o filme foi relativamente difícil porque, quando o CCMA fez a selecção dos cineastas apurados, “disseram que tínhamos duas semanas, desde a concepção da ideia até à edição. Eu fiz isso nessas duas semanas, mas depois adiaram por mais dois meses. Pedimos emprestado todo o equipamento para filmar porque não temos nenhum”.
O filme é uma curta-metragem, que se encaixa no que o realizador considera de género “Psychological Thriller”, e se foca em uma fotojornalista que investiga uma empresa acusada de despejar resíduos tóxicos no mar.
Na rodagem, a equipa de Jared Nota teve de investir algumas notas: 5 400 meticais, para despesas de alimentação e transporte. Até aí, tudo bem, não fosse ter voltado a levar a mão ao bolso para de lá extrair uns 400 meticais para subornar dois polícias que os barravam as filmagens, mesmo tendo todos os documentos legais para o efeito, antes do Estado de emergência. “Mas eu entendi, não se entende cinema. Então o que eles viram foi um bando de marginais”.
Para Nota, a confiança do júri significa responsabilidade e que a sua equipa pode fazer um bom filme.
“Com esses 30 mil, pelo menos vou parar de tirar do bolso o dinheiro de transporte e de alimentação nos próximos dois ou três filmes. Espero não desapontar e espero que os que não gostaram que o nosso filme ganhasse, esqueçam o ego por um segundo e juntem-se a nós nos próximos filmes”.
A história original de Ontogénesis foi escrita por Jared Nota e Ivo Mabjaia. O filme teve Omar Faquirá como Produtor-Executivo e Agostinho Guila como produtor. O elenco principal conta com Sara M. Bombi, Peson J. Chaincomo, Paulo Maluleque e Joaquim Fernando.
A melhor curta-metragem do concurso do CCMA foi premiada com 30 mil meticais. O filme, segundo classificado, Nkwama (de Gigliola Zacara), ficou com 15 mil e o terceiro, Xidzedze (de Wilford Machili), com 10 mil meticais. Nesta edição, a menção honrosa foi para Ivando Maocha, com o filme “O quintal”.